Aconteceu nesta segunda, 31, na Câmara Municipal de Vitória da Conquista (CMVC), audiência pública em comemoração ao Dia da Reforma Protestante. Proposta pelos vereadores Gilzete Moreira (PSD), Sidney Oliveira (PRB), Adinilson Pereira (PSB) e Ademir Abreu (PT), a audiência contou ainda com a participação do professor e Reverendo Marcelo Crispim, que realizou uma explanação sobre o tema, e representantes de igrejas de diferentes denominações. Antes da apresentação de Marcelo Crispim, o público assistiu a um vídeo sobre a Reforma Protestante.
O presidente da Câmara, Gilzete Moreira, ressaltou a importância da data 31 de outubro de 1517 quando Martilho Lutero. “Uma data que marcou para sempre a história do cristianismo e ficou conhecida como ‘o dia em que a Igreja se dividiu’”. Gilzete lembrou que antes dessa data, somente as lideranças eclesiásticas e os nobres (letrados) tinham acesso às Escrituras Sagradas, pois todo o conteúdo era em latim. “Era muito difícil para uma pessoa comum ter acesso à Palavra, ler, interpretar”, disse. Moreira explicou que a bíblia era algo exclusivo de uma minoria e a fé era usada como instrumento de manipulação.
Em sua fala, o presidente frisou que muitos católicos e evangélicos protestantes de hoje não conhecem Martinho Lutero, iniciador da reforma. Ele explicou que Lutero não pretendia dividir a Igreja Católica. “Ele fazia parte do Clero da Igreja Católica e tinha conhecimento de todo o seu poder e influência política e econômica e que, há séculos, ela usava a fé das pessoas para o seu crescimento e manutenção desse poderio”, falou. Gilzete ressaltou que Lutero se indignou contra a mensagem que as lideranças da Igreja passavam a seus fiéis, baseada em dogmas e costumes que não eram coerentes com a bíblia.
Marcelo Crispim
Explanação – O Reverendo da Igreja Presbiteriana de Vitória da Conquista, Marcelo Crispim, agradeceu o convite. Disse ser “filho da reforma protestante, descendente direto daquilo que a reforma protestante conquistou para todos os evangélicos do Brasil”. Afirmou que Deus na sua misericórdia “usou homens para termos a liberdade e usar um prédio público para rememorarmos”.
O Reverendo Marcelo Crispim citou o texto de Romanos 1.16-17. “Lutero agonizando espiritualmente, buscava sua justificação”. Afirmou que “Lutero causou um racha na Igreja”. Um dos questionamentos foi sobre a salvação, pois na época havia a venda de indulgências, tornando famoso o ditado “quando uma moeda caía no gazofilácio uma alma saia do inferno e ia para o céu”. Acrescentou que havia uma crise espiritual, com um clero corrompido. “Ser cristão não tinha muita diferença de não ser”.
Marcelo Crispim esclareceu ao afixar as 95 teses na Catedral de Wittenberg (Alemanha), não foi para afrontar os padres, mas “era onde se colocavam os avisos, para saber o que se acontecia na cidade. Ele coloca as 95 teses para que soubessem o que estava em seu coração. Coloca suas queixas ali, aquilo que não concordava com a igreja”. Continuo dizendo que “na Dieta de Worms, Lutero não renuncia seus escritos, dizendo que sua consciência estava cativa as Sagradas Escrituras”. Lutero foi excomungado da igreja católica, começando o movimento reforma protestante.
Para o reverendo, quando “celebramos uma data como essa estamos rememorando os atos de Deus em preservar, sustentar e alimentar sua igreja, através da história. Como filho de um movimento importante é uma tristeza para nós que muitos crentes não conhecem nada da Reforma Protestante. Citou o Pastor Batista Franklin Ferreira que diz: “Quando celebramos a Reforma, estamos cumprindo o quinto mandamento de Honrar pai e mãe. Temos pais que geraram nossa fé, instrumentos de Deus para nossa conversão”.
Marcelo abordou os princípios da reforma. Sola Scriptura, somente as Escrituras. “No momento de crise espiritual a reforma diz que quem governa as nossas vidas é Deus, falando através das Sagradas Escrituras”. Solus Christus, somente Cristo. “Nós somos salvos por causa de Cristo Jesus. Cristo vem até nós, nos sustenta, liberta. Alcançamos essa salvação pela fé (sola fide). Sola Gratia (somente graça), “Cristo faz isso gratuitamente. Graça, dom de Deus, não é por obras para que ninguém se glorie”. Soli Deo Glória (somente Glória a Deus”, “então só a Ele dar glória. Somente a esse Deus soberano”.
Finalizou perguntando “se nós perguntássemos porque precisamos rememorar e celebra o dia da Reforma? Porque assim como na Reforma, sofremos de autoridade hoje. Em muitas igrejas a autoridade não tem sido as Escrituras Sagradas. Há uma crise espiritual. Precisamos da Reforma, rememorar e restaurar nossa vida espiritual. Louvado seja o Senhor pelo dia 31 de outubro, em que os servos do Senhor se reúnem para lembrar o que Deus tem feito através da historia. Fez com Lutero e hoje faz com você e comigo”.
Após uma oração do Pastor Marcelo Andrade da Igreja Batista Getsêmani, a Audiência Pública foi encerrada pelo Presidente Gilzete Moreira.