Seria impossível que Érick Rocha, filho de Glauber Rocha, ao realizar um filme -documentário sobre a trajetória de seu pai, intitulado “Rocha que Voa”, em 2002, pudesse imaginar que um dia tivesse um aeroporto com o nome desse que é um dos mais originais cineastas, intelectuais e pensadores da cultura do Brasil e do mundo.
A “película” é uma espécie de encenação imaginária e documentada das ideias e concepções de Glauber sobre o papel da cultura, especialmente do cinema, no contexto da realidade das sociedades chamadas Latino-americanas. O filme é baseado em duas entrevistas publicadas em livro com o mesmo título, concedidas em Cuba, em 1971, a intelectuais amigos de Glauber, durante o seu exílio neste país, cujo áudio, recuperado por Erick, serviu de “roteiro” também para publicação da editora Aeroplano, RJ, 2002. Quanta coincidência!
Mas o “voar” do filme-entrevista é uma colagem de ideias e proposições que o espectador-leitor deve buscar e concluir sobre o sentido do que é dito e mostrado, bem na tradição glauberiana. O título é uma metáfora que expressa as inquietações, intuições, provocações, as irrupções vulcânicas próprias da personalidade de Glauber, no dizer de João Carlos Teixeira Gomes, um dos seus biógrafos mais autorizados.
É um momento em que o filho de Dona Lúcia expressa, de forma convicta, suas teses e ideias em defesa de uma arte politicamente engajada em favor de uma revolução social e estética na América Latina.
Agora, o que parecia impensável, para Erick, aconteceu. Glauber é o nome do aeroporto da cidade em que o pai dele nasceu, em 14 de março de 1939.
Tive o privilégio de ter sido o autor, junto com Jean Fabrício e concordância do Governador Rui Costa, da Lei Estadual que prestou essa homenagem a Glauber, expressando a sugestão de várias representações da sociedade.
Contudo, a obra do aeroporto não caiu do céu. Foi decisão da gestão do Governo Jacques Wagner e da Presidente Dilma Roussef, inteiramente viabilizada no governo de Rui Costa. Envolvendo em torno de R$110 milhões, entre recursos dos governos federal e estadual e da empresa responsável pelos serviços aeroportuários, o aeroporto vem atender à necessidade decorrente do desenvolvimento econômico e social da cidade e do sudoeste baiano nos últimos 25 anos, quando Conquista ampliou suas atividades produtivas, comerciais e de serviços.
Glauber de Andrade Rocha é o nome que vai voar junto com os passageiros que chegarem e partirem do novo aeroporto de Vitória da Conquista.