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Sábado

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O sol bate na terra e a multidão na praia contempla o verão. Eu, do meu quarto, abro a gaiola da existência e num vôo livre sobre as matas dilacerante, descanso por alguns minutos no ninho de artista da liberdade. Porém, sei que o alçapão irá desarmar na segunda-feira. Tento de fora contestar a volta para a gaiola, mas, é inútil, pois o herói do sábado não resiste à tentação do alimento colocado da segunda.
E neste passeio, busco transformar a realidade em casais da ironia. O divórcio da lua com sol é tão brilhante, que os advogados silenciam perante tanta beleza. É mesmo sábado, dia de festa no meu coração. Percebo então, que os mendigos saem das praças pródigas. Os oprimidos da rotina se transformam em poderosos. Os ladrões do sol , em prisioneiros. Os amantes da lua em milionários. As fantasias desfilam nas roupas dos jovens que buscam com elas adormecer a realidade.
“Tudo é divino e maravilhoso’’.
O engenheiro abandona as equações. O médico o bisturi. O lavrador a enxada. O advogado, as leis. Todos entram no navio da calmaria e mergulham nos espaços da felicidade. A glória é soltar as emoções. Colocar no bar as peripécias existenciais. Compreender o amor nas sutilezas, delirar com as músicas que falam aos corações vazios.
O sábado é o dia em que as chamas da rotina são apagadas pelos bombeiros reais.
O sábado é o dia em que os homens armam suas fantasias e jogam na vastidão de um mar bravio.
O sábado é a madrugada silenciosa de uma multidão efervescente. O sábado é o deslize da semana e a complementação do eu sufocado, pelos bastidores vencido da rotina.
O sábado é a segunda morta. É a felicidade viva. É a paixão construída. É, ENFIM, REALIDADE ADORMECIDA.

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Jornal Digital Jornal Digital – Edição 744