Pacientes com hidradenite supurativa, colangite biliar primária, fenilcetonúria e uveíte não infecciosa contam agora com tecnologias que devem melhorar o tratamento e a qualidade de vida
Por Natália Monteiro, Agência Saúde
Cinco novos medicamentos e uma associação medicamentosa, quando dois ou mais remédios são prescritos em conjunto, foi incorporada ao SUS para o tratamento de quatro doenças. Além disso, três dessas doenças passam a contar com o tratamento definido em Protocolo Clínico de Diretrizes Terapêuticas (PCDT) no Sistema Único de Saúde (SUS) que garante o cuidado com tratamento específico aos pacientes acometidos pelas doenças. Os documentos definem critérios para diagnóstico, controle e tratamento da hidradenite supurativa (HS), da colangite biliar primária (CBP) e da fenilcetonúria. Outra doença, a uvéite não infecciosa, teve seu protocolo de tratamento atualizado devido à incorporação do medicamento adalimumabe.
Os protocolos clínicos são importantes porque definem a linha de cuidado de uma doença ou agravo que deve ser seguida pelos profissionais de saúde para tratar os pacientes. Esses critérios devem ser seguidos pelos gestores locais. Os documentos são baseados em evidências científicas e consideram eficácia, segurança, efetividade e custo-efetividade das tecnologias recomendadas.
HIDRADENITE SUPURATIVA (HS)
A hidradenite supurativa é uma doença inflamatória de pele que acomete, principalmente, as regiões das axilas, virilha, seios e, até então, não tinha tratamento específico. As mulheres são afetadas com maior frequência. A repetição das inflamações pode gerar cicatrizes graves e consequentemente limitação ou incapacidade de movimento no local, provocando grande impacto na qualidade de vida dos pacientes.
O protocolo de tratamento dessa doença foi construído pelo Ministério da Saúde após a incorporação de medicamentos no SUS para o tratamento da doença. A clindamicina tópica; o cloridrato de tetraciclina; e a associação de clindamicina oral e rifampicina são antibióticos indicados no tratamento que devem contribuir para a melhora dos sintomas da doença.
O diagnóstico é feito com base no histórico das lesões, sendo recorrentes, dolorosas ou com presença de pus por mais de 2 vezes em 6 meses; localização típica das feridas: axila, virilha, nádegas e seios; e lesões típicas: nódulos (inflamatório ou não, único ou múltiplos, doloroso ou profundo), tratos sinusais (inflamatórios ou não), abscessos, comedões ou cicatrizes (atrofias, vermelha, hipertrófica ou linear).
COLANGITE BILIAR PRIMÁRIA
A colangite biliar primária (CBP) é uma doença crônica e autoimune, ou seja, o sistema imunológico ataca as células saudáveis do fígado, podendo causar cirrose hepática e necessidade de transplante do órgão. Com tendência a ocorrer na meia idade, a CBP se manifesta sem sintomas e, por isso, o diagnóstico geralmente é tardio. A maioria dos pacientes só desenvolvem sintomas anos após o conhecimento da doença. Cansaço excessivo, coceira no corpo, perda de peso, desconforto abdominal e icterícia, que é a coloração amarela da pele causada por um aumento na concentração de bilirrubina na corrente sanguínea (hiperbilirrubinemia), estão entre as principais manifestações.
Esse é o primeiro PCDT elaborado especificamente para pacientes com a doença e orienta as terapias medicamentosas, o diagnóstico e o cuidado ofertado no SUS. A elaboração do documento ocorreu após a incorporação do ácido ursodesoxicólico, em dezembro de 2018, como opção terapêutica para pacientes com CBP. Além da administração dessa terapia, o PCDT também prescreve cuidados com alimentação e exercícios físicos, além de sugerir os casos em que o paciente deve ser submetido ao transplante hepático.
FENILCETONÚRIA
A Fenilcetonúria é uma doença rara, na qual existe uma deficiência na capacidade de quebrar adequadamente moléculas do aminoácido, fenilalanina (FAL), presente nas proteínas de origem animal e vegetal. Por isso, pessoas com fenilcetonúria precisam ter uma dieta com muitas restrições e produtos específicos.
O PCDT foi elaborado após a incorporação do dicloridato de sapropterina. Esse medicamento foi incorporado para mulheres responsivas ao tratamento com BH4 em idade fértil (período pré-concepcional) ou mulheres gestantes com fenilcetonúria.
UVEÍTES NÃO INFECCIOSAS
Houve ainda a atualização do PCDT que inclui o medicamento adalimumabe entre as opções terapêuticas. Este medicamento foi incorporado no fim de 2018, após análise da Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologia no Sistema Único de Saúde (Conitec).
As uveítes não infecciosas são um conjunto de doenças nos olhos que ocorrem em decorrência da inflamação da úvea, região do olho formada pela íris, corpo ciliar e coroide.