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Saúde mental de professores e alunos é o principal desafio na volta às aulas presenciais

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Pesquisa do Instituto Península revela urgência de apoio emocional para educadores e alunos, e aponta caminhos para amenizar defasagem no desenvolvimento dos estudantes

Por: Gabriel Loron

Muitos foram os desafios impostos aos professores durante a pandemia do novo Coronavírus. E para entender suas expectativas com a retomada das aulas presenciais, o Instituto Península realizou uma pesquisa na qual ouviu mais de 2.500 docentes e gestores escolares de todas as etapas de ensino das redes municipais, estaduais e privada na primeira quinzena de setembro. O estudo “Desafios e Perspectivas da Educação: uma visão dos professores durante a pandemia” buscou detalhar e entender as angústias e as necessidades dos docentes após um ano e seis meses em meio às incertezas do ensino remoto.

Segundo o estudo, 99% dos professores já foram vacinados com ao menos uma dose, e ainda assim os docentes sinalizam que medidas precisam ser tomadas para que se sintam seguros em frequentar a sala de aula, entre elas garantir os protocolos e o distanciamento entre os estudantes. Além das providências estruturais, outra questão que sinalizada pelos professores é a aprendizagem das crianças e dos jovens. Para 57% deles o desafio está em recuperar a aprendizagem dos alunos, impactada com o fechamento das escolas e com os obstáculos do ensino a distância.

A pesquisa também lança luz sobre a principal preocupação dos educadores: a sua própria saúde mental. 57% deles responderam que gostariam de receber apoio psicológico e emocional, principalmente para lidar com as questões impostas pela pandemia. Esse apelo promove a reflexão de que para o professor desempenhar bem sua função e garantir a aprendizagem das crianças e jovens, ele precisa estar bem como um todo.

“É preciso dar atenção ao que os professores estão sinalizando, pois são eles que estão na linha de frente para que a Educação aconteça, seja nas aulas remotas ou presenciais, são eles que conhecem as dificuldades cotidianas. Daí a necessidade de apoiá-los para que o desenvolvimento e aprendizagem dos alunos sejam recuperados”, afirma Heloisa Morel, diretora executiva do Instituto Península.

Aluno volta mais feliz para a escola, mas desmotivado para os estudos

Apesar de 79% dos professores acreditarem que os estudantes estão felizes em retornar às aulas, 53% sentem que os jovens estão desmotivados para a aprendizagem.

Para mudar esse cenário, na visão dos professores, é preciso criar estratégias que motivem os estudantes. 58% deles sinalizam a importância de pensar no acolhimento dos alunos e promover maior participação da família, assim como 51% destacam as tecnologias para apoiar o uso de diferentes metodologias de ensino de modo que auxiliem no processo de recuperação da aprendizagem.

A pesquisa também destaca que 59% dos professores reconhecem os formatos híbridos de ensino como alternativa para personalizar e potencializar o desenvolvimento dos alunos e também como uma estratégia de inovação. 62% afirmam que o ensino híbrido melhora a autonomia dos estudantes e 58% entendem que é uma ferramenta que estimula a curiosidade.

“Este é um momento que traz a oportunidade do engajamento de todos os atores envolvidos no processo de aprendizagem: Estado, gestores, sociedade e famílias. Diversas Secretarias de Educação pelo Brasil se prepararam para o retorno às aulas presenciais, ofertando materiais pedagógicos e formação continuada para os professores, porém, atenção à saúde mental e mobilização das famílias seguem sendo parte fundamental deste processo”, comenta Heloisa.

Educação Física, aliada no enfrentamento à evasão escolar

97% dos professores acreditam que esporte tem papel importante no retorno às aulas presenciais. De acordo com os 33% dos respondentes, outra solução apontada como efetiva diz respeito ao uso da criatividade para intensificar e diversificar as aulas de Educação Física. Segundo os educadores, a prática de esporte é forte aliada para reduzir a evasão escolar, desenvolver competências socioemocionais e melhorar as condições de saúde física e, principalmente mental, o que se tornou urgente nesse cenário pandêmico, em que as crianças e os jovens se mantiveram na maior parte do tempo dentro de suas casas e não puderam praticar exercícios físicos. “Um bom programa de Educação Física considera a utilização de espaços públicos, atividades ao ar livre e propõe jogos cooperativos. O esporte educacional pode ser um caminho importante para reconectar os alunos com a escola e reestabelecer vínculos entre os estudantes e professores”, destaca Morel.

Esta pesquisa faz parte de uma série de estudos desenvolvidos pelo Instituto Península desde o início da pandemia, com o objetivo de entender os desdobramentos deste novo cenário para os professores do Brasil. Esta e as demais pesquisas estão disponíveis para download gratuito no site do Instituto Península.
Foto de Capa: Reprodução Internet

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