Neste mês de janeiro a tricentenária cidade do Serro chega aos seus 318 anos. Serro está na base da formação de Minas Gerais e do Brasil, como nação. Pois, por onde se vai neste país continental, a memória de um ilustre serrano nos acompanha em nomes de ruas, praças e cidades de todo território nacional.
Serro é passado, é presente e futuro. Foi a primeira cidade inscrita pelo IPHAN na lista do Patrimônio Histórico Brasileiro, em 1938.
É passado em sua história cheia de ouro e glórias. Sede de uma das quatro primeiras comarcas da Capitania das Minas Gerais. Foi lá que Teófilo Ottoni, um dos maiores mineiros em todos os tempos, hasteou a bandeira do jornalismo e do pensamento liberal, com o lendário e pioneiro jornal Sentinela do Serro, um brado de protesto que se ouviu entre as serras mineiras, ecoou no Brasil inteiro e repercutiu na Corte portuguesa. É importante lembrar também do lendário general Antônio Ernesto Gomes Carneiro, um dos maiores nomes do Exército Brasileiro, morto na memorável batalha da Lapa, contra as tropas de Gumercindo Saraiva, durante a Revolução Federalista, no final do século XIX.
Serro deu ao país três ministros do Supremo Tribunal Federal: João Evangelista Saião Lobato; Edmundo Lins e Pedro Lessa, sendo este último considerado por muitos juristas como o maior ministro STF. Em 1974, meu saudoso pai José Aparecido de Oliveira liderou um movimento nacional pela preservação do Serro, juntamente com o prefeito à época, José Marcílio de Moura Nunes, alinhando nesse projeto o que havia de mais expressivo no pensamento e na cultura nacionais. Esse movimento foi fundamental para a preservação do centro histórico do Serro, naquele momento de transformação em nosso país, que vivia ainda sob o período ditatorial.
Serro é o presente, fazendo nossa Minas Gerais um Estado maior e melhor. Serro empresta uma identidade especial a Minas Gerais, exercendo e influenciando na verdadeira alma da boa gente mineira. Dona Lucina, a dama da culinária mineira, resgatou o que havia de mais precioso em nossa cozinha, levando o tempero e os pratos mineiros para as mesas tradicionais da gastronomia nacional. Foi sofistica dentro de sua grandiosa simplicidade, assim como é o povo nascido nessas Minas Gerais.
Serro é o futuro. É desenvolvimento. É orgulho nacional com seu queijo premiado nos quatro cantos do mundo. É o turismo, indústria limpa, em seu centro histórico e distritos cinematográficos, como os de Milho Verde e São Gonçalo do Rio das Pedras. É a natureza que se faz preservada em seus rios e cachoeiras, lugar onde nasce o rio Jequitinhonha, a sombra do insolúvel Itambé. Vale lembrar que o Pico do Itambé guiou os primeiros bandeirantes que se aventuravam pelo sertão bravio e inóspito do Ivituruí. Serro é a jóia nacional entalhada nas encostas do maciço do Espinhaço.
Aos seus 318 anos, Serro se renova, na fé e na força da sua gente, na cultura e na vida que se faz mais rica para todo o povo das Minas Gerais e do Brasil.
José Fernando Aprecido de Oliveira é Presidente da Associação das Cidades Históricas de Minas Gerais