O combate à fraude por adição de água no frango congelado será intensificado em todo o estado. Em duas reuniões realizadas durante o dia de ontem (23), entre dirigentes e técnicos de órgãos e entidades ligados aos setores de fiscalização e produção do frango de corte, foram estabelecidas as primeiras tratativas nesse sentido. O objetivo dos esforços é delinear as ações e ferramentas necessárias, inclusive termos de cooperação, para uma atuação conjunta na defesa do consumidor e garantia de boas práticas do setor produtivo. A reuniões tiveram representantes da Secretaria de Agricultura da Bahia (SEAGRI), da Agência de Defesa Agropecuária da Bahia (ADAB), do Instituto Baiano de Metrologia e Qualidade (IBAMETRO) e da Associação Baiana de Avicultura (ABA).
Há leis e portarias que determinam a percentagem de água em carne congelada de aves, sendo que o máximo permitido é de 6%. Esse acúmulo de água se dá por conta do processo de resfriamento da carne, que passa por uma imersão em tanques de água, gerando uma absorção natural. Quando o produto apresenta mais água do que o permitido, ele fica mais pesado e o consumidor acaba pagando mais e levando menos carne.
“Da parte da ADAB, vamos envolver todos os elos em prol desse objetivo maior. Tudo o que fortalece a cadeia produtiva e auxilia na defesa agropecuária, viabilizando a produção e garantindo alimento de qualidade na mesa da população, é de nosso interesse”, frisou o diretor geral da ADAB, Oziel Oliveira.
Há um interesse direto dos próprios produtores baianos quanto à fiscalização, para garantir a qualidade da carne oferecida e também localizar aqueles que, eventualmente, tentam burlar a lei. A exemplo do que já acontece com o Fundo de Apoio à Pecuária do Estado da Bahia (FUNDAP), a ABA firma parceria com a ADAB no sentido de se viabilizar ações de fiscalização em toda a cadeia produtiva, desde as granjas até o produto embalado pelos frigoríficos, contendo o Selo de Inspeção Estadual (SIE). Nas gôndolas dos supermercados será fiscalizada a carne exposta à venda, e aí entra a parceria com o IBAMETRO.
Pelo convênio que está sendo firmado entre ADAB e ABA, a Associação Baiana de Avicultura irá doar equipamentos para incrementar o Laboratório de Alimentos, do Centro Tecnológico Agropecuário do Estado da Bahia (CETAB), unidade vinculada à SEAGRI. O laboratório estará apto à realização de dripping test para analisar a quantidade de água absorvida pelo frango durante seu processamento.
“A SEAGRI fomenta as cadeias produtivas, mas também possui braços de pesquisa e fiscalização, como o CETAB e a ADAB, que verificam os processos para que o produto chegue ao consumidor com qualidade. Nessa perspectiva, estamos alinhavando toda essa parceria para melhorar ainda mais a eficácia de nossa indústria, garantindo a seguridade sanitária e também a qualidade e o peso do produto oferecido ao consumidor”, disse o chefe de gabinete da SEAGRI, Alisson Gonçalves.
Nas reuniões também estiveram presentes o diretor de inspeção de produtos de origem agropecuária da ADAB, Rafael Mendes; o diretor do IBAMETRO, Thales Dourado; o presidente da ABA e diretor da Gujão Alimentos, Dario Mascarenhas; o presidente do Comitê de Sanidade Avícola e Responsável Técnico da Gujão Alimentos, André Pazos; a representante da ABA e do Fundo de Vigilância, Desenvolvimento, Defesa Sanitária e Amparo aos Avicultores do Estado da Bahia (FAEBA), Patrícia Nascimento; e o ex-diretor do IBAMETRO, Randerson Leal, que contribuiu com sua expertise no tema, a partir dos anos que esteve à frente do órgão.
O setor na Bahia – Números da Pesquisa da Pecuária Municipal (PPM), do IBGE, mostram que em 2020 a Bahia chegou ao número de 47,7 milhões de galináceos, o maior da série histórica iniciada em 1974. O grupo dos galináceos engloba frangos para corte e galinhas poedeiras.
A PPM mostra que as cidades com as maiores quantidades de galináceos na Bahia, em 2020, foram Barreiras (7,2 milhões de animais), Conceição da Feira (3,3 milhões) e Luís Eduardo Magalhães (3,2 milhões). No período, a cidade de Varzedo teve o maior aumento no plantel de galináceos na Bahia, saindo de 1,1 milhão (2019) para 1,6 milhão (2020), representando crescimento na ordem dos 43,7%. A performance fez com que Varzedo saltasse da décima-primeira posição dentre as cidades produtoras de galináceos no estado para a nona posição.
Outra cidade baiana de destaque na criação de galináceos é Eunápolis. A Pesquisa da Pecuária Municipal, realizada pelo IBGE, mostra que em 2020 o plantel de galináceos da cidade foi de 2,5 milhões, com aumento de 23,8% em relação a 2019 e fazendo com que a cidade saltasse da sétima para a quarta posição dentre as maiores criadoras de galináceos da Bahia.