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Síndrome da Impostora: os desafios e estratégias para uma autoestima fortalecida

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Condição que impede sensação de sucesso está associada com machismo enraizado na sociedade; psicóloga Vanessa Gebrim explica

Por Isabelle Rocha

A síndrome da impostora é um desafio complexo que afeta um grande número de indivíduos, independentemente do gênero. Caracterizada por baixa autoestima, insegurança, complexo de inferioridade, apreensão, perfeccionismo e um receio constante de ser exposto, essa condição muitas vezes cria uma batalha interna significativa. 

Embora se manifeste de maneira generalizada, a Síndrome da Impostora parece ter uma incidência particularmente alta entre as mulheres. Isso levanta questões sobre os estereótipos de gênero e a influência persistente do machismo em nossa sociedade. É fundamental entender que essa síndrome não é um problema individual, mas uma questão social que merece atenção e compreensão.

Para a psicóloga Vanessa Gebrim, especialista em Psicologia Clínica pela PUC de SP, a síndrome está ligada a uma construção social. “De modo geral, essa síndrome está diretamente relacionada às ideias que o patriarcado construiu sobre a figura da mulher, uma imagem que alimenta o machismo no pensamento social e contribui profundamente para a destruição da autoestima feminina”, explica

A síndrome da impostora é mais do que um desafio individual; é uma questão enraizada em estereótipos de gênero. A cultura patriarcal frequentemente desvaloriza as habilidades das mulheres, criando um terreno fértil para a autoestima abalada. “Agressões podem desencadear traumas desenvolvendo na pessoa muitos sentimentos de inferioridade, quadros de ansiedade, sentimentos de fracasso, inadequação, falta de pertencimento e incapacidade”, revela Vanessa. 

Os desafios e estratégias para superar

A terapia é uma ferramenta valiosa para combater a síndrome da impostora, é importante que os indivíduos sejam capazes de internalizar a origem da síndrome. “É indicado que o paciente realize sessões de psicoterapia para ajudar a internalizar suas capacidades e competências, diminuindo a sensação de ser uma fraude. A terapia cognitivo comportamental e o EMDR são bastante eficazes nas mudanças de crenças e no tratamento dos traumas”, indica.

A síndrome da impostora afeta ambos os gêneros de maneiras distintas. Enquanto as mulheres relacionam suas conquistas ao acaso, já os homens podem reagir negativamente a críticas, tornando importante compreender as nuances de gênero na abordagem dessa questão. “No caso das mulheres, elas tendem a atribuir o sucesso à sorte, se considerando fraudes e não merecedoras de sucesso, e os homens a reagirem pior a críticas negativas quando o feedback acaba sendo desfavorável”, mostra Gebrim.

A Síndrome da Impostora, portanto, está frequentemente ligada à forma como a sociedade trata mulheres e sua relação com o sucesso. “Para a cultura patriarcal, tudo que remete a mulher é inferior e não tem importância, especialmente se comparada ao que um homem pode desempenhar, por isso, suas habilidades e competências devem ser frequentemente questionadas”, conclui Vanessa Gebrim. 

Sobre Vanessa Gebrim 

Vanessa Gebrim é Pós-Graduada e especialista em Psicologia pela PUC-SP. Teve em seu desenvolvimento profissional a experiência na psicologia hospitalar e terapia de apoio na área de oncologia infantil na Casa Hope e é autora de monografias que orientam psicólogos em diversos hospitais de São Paulo, sobre tratamento de pacientes com câncer (mulheres mastectomizadas e oncologia infantil). É precursora em Alphaville dos tratamentos em trauma emocional, EMDR, Brainspotting, Play Of Life, Barras de Access, HQI, que são ferramentas modernas que otimizam o tempo de terapia e provocam mudanças no âmbito cerebral. Tem amplo conhecimento clínico, humanista, positivista e sistêmico e trabalha para provocar mudanças profundas que contribuam para a evolução e o equilíbrio das pessoas. Mais de 20 anos de atendimento a crianças, adolescentes, adultos, casais e idosos, trata transtornos alimentares, depressão, bullying, síndrome do pânico, TOC, ansiedade, transtorno de estresse pós-traumático, orientação de pais, distúrbios de aprendizagem, avaliação psicológica, conflitos familiares, luto, entre outros.

Foto: Freepik

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