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Sociedade Brasileira de Cancerologia envia documento contra o PL do Veneno para o Presidente da República e o Congresso

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Por Eloisa Matsuda

A SBC – Sociedade Brasileira de Cancerologia, entidade  civil e científica de utilidade pública, a mais antiga do gênero na América Latina, está enviando documento oficial  ao presidente Jair Bolsonaro, ao ministro da saúde, Luiz Mandetta, a ministra da agricultura, Tereza Cristina, aos presidentes da Câmara dos Deputados e do Senado Federal bem como às comissões de saúde das respectivas casas, colocando-se contrária à aprovação do PL 6299/02, conhecido como PL do veneno, por considerá-lo  uma grave ameaça à saúde da população brasileira.

Segundo o presidente da SBC, Ricardo Antunes, a posição técnica da entidade baseia-se no consenso da comunidade médica e científica, de repudiar um projeto de lei que coloca em risco a saúde da população, à medida que retira dos órgãos fiscalizadores da saúde como a Anvisa, o Ministério da Saúde e o Ibama, a atribuição de controlar, liberar registros e fiscalizar os agrotóxicos, dando poderes ao Ministério da Agricultura. “Temos por missão  apoiar o desenvolvimento de ações para prevenção e controle do câncer no país e a liberação de agrotóxicos irá causar o aumento de doenças crônicas extremamente graves com características mutatogênicas e carcinogênicas”, alerta o cirurgião oncológico e presidente da SBC.

Já Nise Yamaguchi, oncologista premiada internacionalmente pela luta a favor da Lei antifumo no país, e vice-presidente da Sociedade Brasileira de Cancerologia, afirma que interesses econômicos ou financeiros de grupos não podem sobrepor-se aos interesses maiores da população brasileira, que é a preservação da segurança de sua saúde.

“Vários estudos científicos explicitam a correlação entre agrotóxicos e câncer. Não há como negar essa realidade científica. No Brasil, a situação é ainda mais grave pois há mistura de diversos tipos de pesticidas na comida e na água que a população consome. Esse coquetel de veneno é responsável pelo desenvolvimento de doenças crônicas como câncer, malformação fetal, disfunções hormonais e reprodutivas”, revela a cientista.

Os médicos e oncologistas brasileiros, representados pela Sociedade Brasileira de Cancerologia, alertam sobre essa grave ameaça, que constitui o PL do veneno, que flexibiliza o registro e uso de agrotóxicos, na contramão de países desenvolvidos do mundo, que vem restringindo esse uso e aplicação.

 

Campeão em agrotóxicos liberados e 2ª maior frota de aviões agrícolas

 

O Brasil é o hoje o maior consumidor mundial de agrotóxicos. Muitos destes produtos estão banidos em seus países de origem por seus riscos à saúde e encontram proteção nas leis brasileiras e um mercado próspero. Dos 504 agrotóxicos registrados no Brasil, 149 estão proibidos na União Europeia. Também nossa legislação tem nível de tolerância com resíduo de agrotóxico na água até 5 mjl vezes mais flexível que na União Europeia.

A pulverização aérea de agrotóxicos foi banida pela EU, especialmente pela morte massiva de abelhas por neonicotinoides- uma espécie de agrotóxico derivado da nicotina- que também foi proibido na EU, liberando-se apenas seu uso em estufas. O Brasil, ao contrário, tem a segunda maior frota de aeronaves agrícolas, destinadas a pulverizar agrotóxico nas lavouras, matando abelhas e poluindo o meio ambiente.

A morte e extinção das abelhas vem assumindo grandes proporções no Brasil. Segundo especialistas, as abelhas são responsáveis por 60% da polinização das culturas consumidas pelos homens. Com a falta de abelhas, também haverá falta de alimentos.

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