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Sustentabilidade no Carnaval: Lixo, reciclagem e os caminhos para 2025

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Por LaPresse

Quase 5 mil toneladas de lixo. Esse foi o saldo ambiental das festas de Carnaval de 2024 em Salvador, Belo Horizonte, Rio de Janeiro e São Paulo, de acordo com dados das prefeituras locais. Só em Belo Horizonte, que atraiu 5,5 milhões de foliões, foram recolhidas cerca de 700 toneladas de resíduos, evidenciando o impacto desse grande evento na limpeza urbana.

Por trás da energia contagiante do Carnaval, há um desafio crescente: equilibrar a diversão com o cuidado ao meio ambiente. E a solução para essa equação exige esforço conjunto — de foliões, governos e empresas.

Impacto ambiental

O Carnaval é mais do que festa, é um marco cultural que movimenta a economia e as emoções do país. Mas sua grandiosidade traz um preço: áreas urbanas e ambientais tomadas por resíduos, muitos dos quais poderiam ser reciclados ou descartados de forma correta.

“Os dias de folia sempre trazem problemas relacionados à sujeira nas cidades, mares e rios”, explica Eduardo Azevedo, COO da Minha Coleta, empresa especializada em gestão de resíduos. Para ele, o impacto ambiental pode ser reduzido com pequenas mudanças de comportamento. “Usar latas em vez de plástico, descartar corretamente e até optar por purpurina biodegradável já faz diferença”, pontua.

Carnaval sustentável: Uma responsabilidade de todos 

Apesar das ações individuais serem importantes, Eduardo reforça que foliões sozinhos não conseguem sustentar a mudança. “Se governos e empresas não tomarem medidas concretas, continuaremos enfrentando os mesmos problemas todos os anos”, explica Eduardo.

Ações  como as implementadas em São Paulo, que exige que eventos façam a gestão dos resíduos gerados, são um bom exemplo de como políticas públicas podem criar bases sólidas para práticas mais sustentáveis. Além disso, parcerias entre governos e cooperativas ajudam a garantir a limpeza urbana, impedindo que resíduos terminem em locais inadequados.

Agentes de mudança

Com um papel crucial no Carnaval, as grandes empresas podem liderar a mudança. Como patrocinadoras de festas, blocos e grandes festividades que acontecem, elas têm a chance de inovar, substituindo o plástico por embalagens de alumínio, que são mais recicláveis, e oferecendo brindes úteis e sustentáveis.

“Não adianta distribuir itens promocionais que viram lixo nas ruas. É preciso criatividade para oferecer produtos duráveis e recicláveis, que criem valor em vez de problemas”, comenta o executivo. Ele sugere brindes como bolsas reutilizáveis ou acessórios temáticos, que podem ser reciclados após o uso.

Construção de um Carnaval verde

A sustentabilidade nos dias de folia não é apenas um desejo distante e sim uma necessidade urgente que já começou a ser abordada. Eduardo Azevedo acredita que, para 2025, o Brasil pode estar em um caminho mais sólido para se transformar em um evento modelo de responsabilidade ambiental.

“Estamos começando a ver avanços importantes, como sistemas de rastreamento de resíduos e legislações mais rígidas em algumas cidades”, aponta Eduardo. “Mas o desafio maior está na integração entre as esferas pública e privada. Sem cooperação, não conseguimos criar uma mudança duradoura”, sinaliza.

O executivo da Minha Coleta também enfatiza a importância da educação ambiental durante o evento: -“Faltam campanhas que eduquem os foliões de forma clara e acessível, mostrando que pequenas ações individuais podem ter um impacto gigante. Precisamos de um esforço nacional para criar uma nova cultura de consumo consciente, principalmente nos grandes eventos”.

Além disso, ele destaca que a falta de investimentos robustos no setor ainda é um entrave. “O período carnavalesco poderia ser um exemplo global, mas precisamos de mais apoio financeiro e inovação tecnológica. Soluções como aplicativos para mapear pontos de coleta ou campanhas digitais para engajar o público seriam estratégias simples, mas poderosas, para transformar a gestão de resíduos”, afirma.

Para Eduardo, o Carnaval é uma oportunidade única para demonstrar que é possível equilibrar celebração e cuidado com o planeta. “Se formos bem-sucedidos, o Brasil não só terá um Carnaval mais limpo, mas poderá ser referência mundial em práticas sustentáveis durante eventos massivos”, finaliza.

Foto: Fernando Maia | Riotur

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