Doença tem causa desconhecida e atinge 1,3% da população brasileira
Segundo a Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD)(1), aproximadamente 1,3% da população brasileira é acometida por psoríase, doença crônica não transmissível que se manifesta em forma de lesões na pele. Sua causa é desconhecida, mas se sabe que pode estar relacionada ao sistema imunológico, às interações com o meio ambiente e à suscetibilidade genética – entre 30% e 40% dos pacientes de psoríase têm histórico familiar da doença. Cerca de 20% dos pacientes tendem a evoluir para as formas graves.
Uma revisão de estudos(2) publicada em junho deste ano na revista científica Dermatologic Therapy revelou que a telemedicina sozinha ou combinada com a consulta presencial teve a mesma ou maior eficácia no tratamento da psoríase em comparação ao tratamento usual. A revisão sistemática coletou evidências de 287 registros, incluindo sete estudos – quatro deles de ensaios clínicos randomizados. Em tempos de pandemia, a consulta online foi introduzida tanto para o diagnóstico como para o tratamento e acompanhamento da doença.
Em 2018, uma pesquisa científica(3) publicada no Journal of the American Medical Association (JAMA) revelou que a teleconsulta pode desempenhar um papel importante no gerenciamento eficaz de doenças crônicas de pele. Em um ensaio clínico randomizado de equivalência de 12 meses, 296 adultos com psoríase randomizados para o modelo online experimentaram melhora na gravidade da doença equivalente aos randomizados para tratamento presencial.
Curiosamente, a dermatologia foi uma das especialidades pioneiras na adesão à telemedicina no final da década de 1980. Seu início se deu com o atendimento às bases de operações militares norte-americanas em terrenos inóspitos e ações humanitárias ao redor do mundo. No Brasil, a Faculdade de Medicina da USP foi uma das primeiras a realizar projetos em teledermatologia em 1997(4).
Atualmente, a prática corrige um atendimento historicamente desigual, em especial para a população que se encontra em áreas remotas, com pouco acesso à tratamento médico no Brasil. Sua aplicação possibilita a ampliação da cobertura dermatológica especializada e redução do tempo de espera em consultas.
Para a dermatologista Mariana Ormay, dermatologista da plataforma de telemedicina Docpass, em torno de 80% das consultas dermatológicas podem ser resolvidas por teleconsulta. “No caso dos novos pacientes com psoríase conto com o apoio das imagens enviadas por eles pela plataforma para ter uma melhor visualização da pele e complementar a consulta em vídeo com a sua história clínica. Já para os pacientes em tratamento, o atendimento ficou mais prático porque posso intervir no momento da crise. Isso foi bem importante no inverno, pois o tempo frio junto ao estresse da quarentena e a mudança de rotina foram gatilhos importantes para quem tem a doença”, diz.
Segundo a SBD, a psoríase tem um perfil cíclico, ou seja, apresenta sintomas que desaparecem e reaparecem periodicamente. Os principais fatores de risco para desenvolvimento da doença ou piora do quadro clínico já existente são o estresse, sistema imunológico debilitado, obesidade, tempo frio, consumo de bebidas alcoólicas e tabagismo.
O tratamento pode ser tópico, sistêmico, biológico ou por fototerapia, a depender do tipo e gravidade de psoríase. Quanto mais precoce for o diagnóstico, mais fácil será o tratamento, por isso é importante estar atento aos sinais.
Referências:
1. Psoríase. Sociedade Brasileira de Dermatologia. 2020. Disponível em: http://www.sbd.org.br/
2. Abordagem da telemedicina para tratamento da psoríase, uma revisão sistemática de estudos publicados. Dermatologic Therapy. 2020. Disponível em: http://onlinelibrary.wiley.
3. Eficácia do atendimento on-line x presencial para adultos com psoríase – um ensaio clínico randomizado. JAMA Network. 2018. Disponível em: http://jamanetwork.com/
4. Teledermatologia – Passado, presente e futuro. 2005. Anais Brasileiros de Dermatologia. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.