Todos nós necessitamos, de tempos em tempos, de um período de silêncio. Muitos para se recolherem decidem passear, outros fazem algum retiro, outros reservam para si um dia durante o qual se aprofundam, se concentram espiritualmente, sem precisar atender as exigências do dia a dia. Outros já se recolhem no seu quarto, desligam o telefone para ninguém incomodar. Cada um necessita de uma oportunidade para recolher-se, para encontrar algum tipo de apoio interno, uma base firme que o sustente.
Monges antigos falavam desse recolhimento como a água que se acalma. Uma história de monges conta que três estudantes se tornaram monges. Cada um propôs a si mesmo realizar uma boa obra. O primeiro escolheu o seguinte: desejava reconduzir a paz àqueles que estavam brigando, orientando-se pelas palavras da Escritura: A bem-aventurança será dos que zelam pela paz. O segundo desejava visitar enfermos. O terceiro foi ao deserto para lá viver em paz. O primeiro, que se empenhava por aqueles que estavam brigando, não pôde curar a todos. Tomado pelo desalento, dirigiu-se ao segundo que servia aos enfermos e percebeu que este também estava desanimado, pois também não conseguiu realizar plenamente o que planejara. Sendo assim, os dois concordaram em procurar pelo terceiro que havia ido ao deserto; falaram de suas dificuldades para ele e pediram que este lhes dissesse sinceramente se foi bem-sucedido. Ele ficou em silêncio por um tempo, despejou um pouco de água em um recipiente e pediu que olhassem para dentro dele.
A água, no entanto, ainda se encontrava muito agitada. Após algum tempo, pediu que olhassem mais uma vez, e disse: Observem o quanto a água se tornou mais calma agora. Olharam para ela e viram os seus rostos como em um espelho. Em seguida, continuou: assim se sente aquele que permanece entre os homens; a agitação e a confusão não permitem que perceba os seus pecados. Quem, no entanto, procura pela tranquilidade e, principalmente, pela solidão, logo reconhecerá os seus erros.
Essa pequena história nos ajuda a perceber quão importante é encontrarmos tempo para o silêncio e para a tranquilidade. Eu preciso deste tempo, você precisa deste tempo. Pensemos nisso!