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Transformando P em V

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Ele queria construir um negócio.

Qual negócio?

Não sabia, só sabia que queria.

Tinha o que para construir esse negócio?

Nada. Não tinha absolutamente nada.

Ele não tinha nada e queria?

É!

Então Ele tinha.

Tinha o quê?

Vontade.

Isso já é um passo.

O mais importante dos passos.

E aí? O que Ele fez?

Já disse que Ele não tinha nada?

Disse. Disse que tinha o mais importante: vontade.

É mesmo. Esqueci, Ele tinha vontade.

Só com a vontade que tinha Ele chegou em uma terra seca e deserta e pensou que poderia ser ali.

Será que em um lugar tão estranho daria certo?

Ele não sabia, mas como o “não” Ele já tinha foi trabalhar pelo sim.

E fez o quê?

Ajuntou sua vontade a um dinheirinho bem pouco que tinha. Com elas comprou umas coisinhas e começou a vender.

Que coisinhas?

Umas coisinhas poucas, que davam para carregar em uma sacola, que faziam olhos pequenos brilharem.

E deu certo?

Para sua surpresa Ele vendeu tudo em menos de um dia.

E aí?

Aí Ele pegou o dinheiro e separou em partes.

Quais partes?

Um pedaço devolveu a quem lhe deu vontade, outro pedaço comprou mais mercadoria, outro investiu, outro guardou e com um pedacinho bem pequeno comprou um chocolate. Era seu prêmio, sua comemoração pelo começo do seu negócio.

Uai! Era muito dinheiro? Deu pra dividir demais!

Não era muito não. É que Ele, além de vontade tinha planejamento.

E aí? E aí? Como foi o segundo dia?

E no segundo dia, vendeu mais rápido toda a mercadoria.

Ele já estava ficando safo.

Tanto que deu tempo de ir lá, comprar mais coisas e vender tudo outra vez.

Duas vezes em um único dia?

Duas e agora Ele não mais carregava em uma sacolinha. Agora já podia carregar em uma caixa.

Ele era mesmo valente!

Valente e trabalhador.

Ao final do primeiro mês pôde comprar algumas coisas para o estoque.

Estoque, já?

Já! Quando os primeiros 30 dias acabaram além da vontade e do planejamento Ele tinha um dinheirinho bem pouco investido, certeza de que ia dar certo e um pequeno estoque.

Pra quem tinha só vontade, evoluiu muito.

Não sei se você sabe, mas o tempo passa muito rápido. Quando você está fazendo algo ele passa rápido, quando está parado no tempo e no espaço passa mais rápido ainda.

Então o tempo dele passou só rápido.

Foi.

E enquanto o tempo passava seu negócio crescia, prosperava e Ele agora já podia trabalhar em outras frentes.

Quais?

Agora, além de comprar e vender Ele tinha o que administrar.

E aí?

Aí eu podia dizer que o negócio dele virou um grande, grande, muito grande negócio, que Ele viveu feliz para sempre e fim.

E não vai me dizer por quê?

Porque um dia, enquanto o negócio crescia a vida chegou ao fim.

Ai meu Pai, o menino morreu.

Morreu, né, e não foi menino não. Foi já com muitos anos de vida.

E o negócio?

O negócio ficou bem. Durante todo o tempo, ao fim de cada mês Ele continuou dividindo o dinheiro assim: um pedaço devolvia a quem lhe deu vontade, outro pedaço comprava mercadoria e agora, além de comprar mercadoria, pagava tudo e todos das empresas que possuía, outro pedaço investia, outro guardava e um outro não tão pequeno comprava algo para comemorar. Era seu prêmio, por estar gerindo bem o negócio que construíra.

Quando tudo terminou, saiu de cena satisfeito.

A história continua?

Continua.

Já sei até como: os herdeiros que pegaram tudo pronto, depois que o moço morreu torraram o negócio e os filhos deles, os netos do moço ficaram na pobreza.

Eita, mas é trágico. Claro que não. Ele não deixou herdeiros, deixou administradores.

Eles fizeram o negócio prosperar mais ainda?

E se fizeram!

Não acredito!

Pode acreditar. Eles continuaram seguindo os princípios de quem começou do nada e continuam crescendo.

Nunca tinha visto isso acontecer.

Nem eu, mas é que Ele começou algo que não queria quer terminasse junto com sua vida, por isso preparou quem viria depois.

Entendo.

Então agora, pega essa sua preguiça, transforma a bicha em vontade e vai fazer alguma coisa!

Mas eu não sei o que fazer.

Eu também não. Mas antes mesmo de descobrir você precisa transformar a preguiça em vontade, enquanto transforma você descobre. Bora, bora, tem cinco minutos pra isso!

E assim, o pobre perdido saiu correndo, procurando um rumo, transformando preguiça em combustível para o sucesso.

Dando um jeito de fazer preguiça virar vontade.

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Jornal Digital Jornal Digital – Edição 745