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Tratamento de AVC, uma das doenças que mais mata no Brasil, custa US$ 27,4 mil por paciente, aponta estudo

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Segundo a Investigadora Principal do estudo, médica neurologista do Hospital Moinhos de Vento, que conduziu a pesquisa em oito países da América Latina, políticas públicas são essenciais para prevenção dos acidentes cardiovasculares e podem reduzir gastos associados à doença

Por Raquel Lima

Brasil, março de 2025  O artigo “Cost evaluation of acute ischemic stroke in Latin America: a multicentric study”, publicado na The Lancet Regional Health – Americas”, em janeiro de 2025, aponta que o custo médio por paciente no tratamento de AVC na América Latina é de US$ 12,2 mil.
 

O estudo tem como Investigadora Principal a Dra Ana Cláudia de Souza, que coordenou e conduziu a pesquisa nos 8 países. Atualmente, ela é neurologista do Hospital Moinhos de Vento e Líder Operacional de Projetos PROADI-SUS TRIDENT e ÁRTEMIS. O projeto também contou com a co-autoria da Dra Sheila Cristina Ouriques Martins, chefe do serviço de neurologia e neurocirurgia do Hospital Moinhos de Vento, e Responsável Técnica dos Projetos PROADI-SUS RESILIENT TNK e PROMOTE.
 

A pesquisa extraiu dados de 1.106 pacientes diagnosticados com AVC isquêmico agudo em oito hospitais, centros de AVC na América Latina: Argentina, Brasil, Chile, Colômbia, Costa Rica, México, Peru e Uruguai. No Brasil, foram incluídos dados de 157 pacientes, e o custo médio foi de US$ 27,4 mil por paciente.

A pesquisa avaliou os recursos consumidos durante toda a internação hospitalar do paciente com AVC isquêmico agudo, incluindo o custo real para cada local como: salários dos profissionais, estrutura física de cada departamento, exames, procedimentos, medicamentos prescritos e procedimentos relacionados aos tratamentos de reperfusão como trombólise endovenosa e trombectomia mecânica.

Os custos mais altos identificados estiveram relacionados ao uso de estrutura hospitalar, impulsionados pela maior utilização de departamentos como setor de angiografia e cuidados em Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Em todos os países, os custos aumentaram de acordo com o maior risco clínico do paciente, tendo a duração da internação hospitalar como o principal fator de variação de custo entre os países. Os custos relacionados ao trabalho dos profissionais mostraram grande variabilidade entre os países. O centro no Chile teve o maior custo relacionado a profissionais, seguido pelo centro no Brasil.

Uma crescente preocupação global surge em relação à incidência do AVC, principalmente entre pacientes mais jovens e em países de baixa e média renda. Há expectativa de um aumento de 50% no número de mortes até 2035, com proporcional aumento de custos relacionados à doença de US$ 891 bilhões anualmente para US$ 2,31 trilhões.
 

No Brasil, o AVC é a doença que mais mata e incapacita. Segundo dados do portal da transparência da Associação de Registradores de Pessoas Naturais (Arpen Brasil), foram 109.560 pessoas no Brasil em 2023. Segundo a médica neurologista Ana Cláudia, observamos esse aumento principalmente devido ao crescimento de maus hábitos que contribuem para doenças cárdio e cerebrovasculares, como tabagismo (uso de vapes entre jovens), consumo de alimentos ultraprocessados e pouca atividade física. “É urgente a necessidade de investimentos em conscientização e esforços de prevenção ao AVC, muito poderia ser evitado com campanhas e orientação de saúde pública, o que diminuiria o custo dos acidentes cardiovasculares”, explica Ana Cláudia.

O artigo traz que disparidades na conscientização sobre a doença, à medidas de prevenção, à assistência médica e à infraestrutura entre países de baixa, média e alta renda apresentam obstáculos significativos à ampliação do acesso aos tratamentos de reperfusão no AVC, com potencial redução de custos. “Abordar essas disparidades por meio de iniciativas, como este estudo, é fundamental para garantir acesso equitativo a intervenções essenciais para o AVC, otimizando a alocação de recursos principalmente em sistemas de saúde pública”, diz a neurologista. Segundo ela, a introdução de mudanças em protocolos de atendimento hospitalares, focadas na padronização da utilização de recursos, melhoria em indicadores de qualidade assistencial, também podem reduzir efetivamente custos e aumentar a eficiência no atendimento ao AVC agudo.

“O diálogo do governo local com gestores de saúde e empresas também têm papel fundamental, pois as redes de AVC dependem de alocações orçamentárias para infraestrutura, pessoal de saúde, compra de medicamentos e implementação de programas eficazes e sustentáveis”, explica a neurologista.

Foto: Freepik

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