Por: Ascom UESB VCA
Debater e ampliar o diálogo sobre a implementação das atividades extensionistas como componentes curriculares obrigatórios nos cursos de graduação da Universidade. Esse foi o principal objetivo do 1º Seminário de Curricularização da Extensão da Uesb, realizado nessa quinta-feira, 21, pela Pró-Reitoria de Extensão e Assuntos Comunitários (Proex) e Pró-Reitoria de Graduação (Prograd).
A inserção da extensão nos currículos de graduação é uma iniciativa prevista no Plano Nacional de Educação (PNE), tendo sido regulamentada pela Resolução nº 7 do Ministério da Educação (MEC), publicada em 18 de dezembro de 2018. Em linhas gerais, esse dispositivo legal estabelece que “as atividades de extensão devem compor, no mínimo, 10% do total da carga horária curricular estudantil dos cursos de graduação, as quais deverão fazer parte da matriz curricular dos cursos”.
A curricularização da extensão é o processo de inclusão de atividades de extensão no currículo dos cursos de graduação, considerando a indissociabilidade do ensino e da pesquisa. Entre os seus objetivos está a formação universitária cidadã, ética e solidária dos estudantes, proporcionando maior compreensão da dinâmica social na qual estão inseridos.
A curricularização da extensão na Uesb – Atualmente, a Universidade está em fase de diálogo e sensibilização junto aos colegiados para elaboração da minuta da Resolução sobre a implementação da curricularização da extensão. As discussões foram iniciadas em 2019, com departamentos e colegiados, mas, devido à pandemia, a pauta acabou sendo interrompida e retornou com a realização do evento.
Na abertura do Seminário, a pró-reitora de Extensão, Gleide Pinheiro, destacou a importância da iniciativa que trouxe um espaço de reflexão para pensar a curricularização na Uesb. “Agora, damos continuidade aos debates iniciados em 2019, abrindo um diálogo mais constante para que seja elaborada a Resolução sobre o processo de curricularização da extensão na Uesb. Apresentar relatos de experiência e possibilidades de como a nossa Universidade pode pensar esse processo é fundamental”, explicou.
Na ocasião, foi apresentado um diagnóstico da extensão da Uesb nos últimos anos. Entre programas e projetos (ações contínuas) e cursos e eventos (ações esporádicas), de 2010 até setembro de 2021, foram 3178 ações extensionistas desenvolvidas, 1.818.682 pessoas diretamente atendidas e 154 municípios alcançados.
Extensão não é assistencialismo – O evento contou com a participação da presidenta do Fórum de Pró-Reitores de Extensão das Instituições Públicas de Educação Superior Brasileiras (Forproex), Olgamir Ferreira, abordando a “Inserção curricular da extensão na Educação Superior: histórico e desafios”. Na avaliação da professora, “o grande desafio hoje é as pessoas compreenderem o que é a extensão universitária dentro dos componentes curriculares”, e isso ocorre porque, ao longo da história da educação superior, as experiências extensionistas foram caracterizadas como prestação de serviço à comunidade, com viés assistencialista, muitas vezes voltadas aos grupos empobrecidos. E que, ainda hoje, de acordo com a professora, esse pensamento errôneo persiste.
Ela esclareceu que extensão “significa um diálogo da universidade com a sociedade”, onde os dois atores aprendem e ensinam, sendo uma via de mão dupla. “A universidade não é o único espaço de produção do saber”, afirmou. A presidente do Forproex explicou, ainda, que a concepção da extensão universitária surge quando começam a se discutir os processos da educação pública e democrática, momento em que os pesquisadores passaram a dialogar sobre qual era o real papel da universidade diante dos dilemas, problemas e desigualdades sociais.
Compreender para praticar – A professora ressaltou a importância de se compreender que a educação de qualidade não se faz fora do espectro da extensão universitária. “O nosso desafio é garantir, de fato, que as pessoas conheçam a extensão universitária, porque ao conhecê-la, não tem como não abraçá-la e assumi-la como uma dimensão da formação acadêmica”.
No evento também foram compartilhados relatos de experiências de curricularização da extensão na Bahia. A professora Adriana Lima, pró-reitora de Extensão da Universidade do Estado da Bahia (Uneb), destacou que, na Instituição, o processo de mobilização e debates em torno do tema, iniciado em 2017, foi até o ano de 2019, com a elaboração de uma Resolução, para, em 2020, ser implantada a Instrução Normativa com as orientações da curricularização da extensão.
“Encontramos três formas creditar a extensão dentro da Uneb: a partir da participação em programas e projetos já cadastrados, por meio de componentes que destinaram parte da carga horária para ações extensionistas e a partir da definição de componentes curriculares que essencialmente foram planejados para o desenvolvimento da extensão”, resume.