Por Patrick Moraes/ Ascom Uesb
Desbravar territórios, romper barreiras geográficas, construir novas histórias. Nesse ciclo de crescimento de Itapetinga, Jequié e Vitória da Conquista, a Uesb foi peça fundamental, nos últimos 40 anos, junto às pessoas que chegaram e edificaram esse caminho. Entre elas, está Alessandra Bueno, que, em 1999, começou a escrever sua história, tanto na Universidade como em Jequié. Professora visitante na época, ela havia finalizado recentemente sua dissertação na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), no sul do país, quando encontrou, na Bahia, um novo espaço para construir sua vida e sua carreira profissional.
Um ano depois, a efetivação chegaria ao ser aprovada em concurso público para o Departamento de Ciências Humanas e Letras, no campus de Jequié. Foi então que chegou o processo de adaptação ao novo lar: estrutura urbana e cultura diferentes e, até mesmo, fatores climáticos bem diversos. “O choque cultural foi enorme”, relembra. Vinte anos depois, Alessandra viu, de perto, o impacto da Universidade no desenvolvimento da cidade: “a Uesb trouxe um incremento para Jequié que foi, e é, transformador, seja na cultura, na economia, na pesquisa, na extensão. Seu corpo docente, técnico e discente ajuda a mover a cidade”, avalia.
Desenvolvimento em dados
Todo esse movimento vem resultando em um constante processo de desenvolvimento urbano, seja em aspectos sociais e de conhecimento, seja em recursos financeiros. Economista e professor da Universidade, Roberto Paulo Machado pesquisa o impacto da relação existente entre universidade pública e desenvolvimento local, sob a ótica da Uesb. Para ele, a Universidade cria uma série de condições econômicas que estimulam o crescimento regional. “Essas externalidades se manifestam no dia a dia pela injeção de recursos financeiros nas economias desses municípios, nos vetores de desenvolvimento urbano, e na formação de profissionais qualificados que trabalham em escolas, empresas (públicas e privadas) e na elaboração de estratégias para um desenvolvimento equilibrado em áreas como Saúde, Agricultura, Biodiversidade, Justiça Social”, aponta.
A Uesb chega a representar cerca de 5% do Produto Interno Bruto (PIB) das cidades de Itapetinga, Jequié e Vitória da Conquista.
Segundo dados de suas pesquisas, a Uesb chega a representar cerca de 5% do Produto Interno Bruto (PIB) das cidades de Itapetinga, Jequié e Vitória da Conquista. Anualmente, são mais de 300 milhões de reais gastos com o funcionamento da Instituição. “Adiciona-se a isso os gastos de alunos oriundos de outros municípios e todo um comércio que gira em torno deles: transporte, setor imobiliário, entretenimento e outros”, lembra o economista.
Outro ponto essencial é a formação de capital humano que a Universidade produz. Principal instituição de Ensino Superior do Sudoeste baiano, a Uesb não só amplia a formação de habilidades dos indivíduos, como impacta em questões relacionadas a crenças, costumes, padrões de comportamento, o que tem resultado em melhorias, por exemplo, em índices de escolaridade das pessoas e no próprio Índice de Desenvolvimento Humano dos Municípios (IDHM). “Diferente dos efeitos financeiros dos gastos, que se materializam imediatamente e a economia percebe isso no cotidiano, os benefícios sobre escolaridade e IDHM só são percebidos ao longo dos anos e décadas”, destaca o pesquisador.
Crescimento populacional
Entender o crescimento das cidades onde a Uesb está presente é, também, lembrar a influência da Política de Descentralização do Ensino Superior na Bahia, iniciada em 1969 e intensificada nas décadas de 1970 e 1980. Geógrafa e pesquisadora de mobilidade espacial da população, a professora Claudia Cruz lembra que “a implantação de políticas públicas de grande impacto para a população regional, como rodovias e universidades, foi fundamental no processo de constituição das cidades médias, atraindo grandes investimentos privados e resultando no atual protagonismo dessas cidades no sistema urbano brasileiro”.
Segundos dados do IBGE, de 1980 até 2020, o crescimento populacional de Itapetinga, Jequié e Vitória da Conquista chegou a 240 mil habitantes ao todo. Só na chamada capital do Sudoeste baiano, a população, praticamente dobrou nos últimos 40 anos, registrando um aumento de 99,93%. A chegada da Universidade nesses municípios foi um dos fatores responsáveis pela intensificação do processo migratório, com a vinda tanto de novos estudantes como do corpo técnico-científico da Instituição. “O crescimento e dinamismo econômico das cidades médias estão diretamente relacionados com a mobilidade da população regional e dos migrantes”, explica a geógrafa em suas pesquisas sobre crescimento urbano das cidades de médio porte. Construída com base na educação e na difusão do conhecimento científico, a Uesb vem, há quatro décadas, articulando fluxos de pessoas que movimentam diversos setores da sociedade e, consequentemente, promovem crescimento no interior baiano.