Nós havíamos prestado concurso para ser “interno no Banco de Sangue da Tysila Balbino”, casa impar es prestar assistência à mulher grávida. Ficávamos de plantão para o caso de ter que fazer uma transfusão o que por sinal não era muito frequente. Havia a equipe de obstetras, pediatras, anestesistas. Ali ficamos até 1963 quando nós formamos e então recebemos uma certidão por tempo de serviços que veio auxiliar, 35 anos após na aposentadoria. Claro que nós recordamos do Tavares, Darzé, Renato e Djalma estes últimos anestesistas e um que além de cirurgião fazia o plantão na GO: DR. RIGNER ARMENTANDO. Ele era o chefe do plantão e nós internos, mas com relacionamento calçando a amizade não apenas como profissionais, mas porque ganhamos um exemplar de um livro do Dr. Rigner com título: “O DOUTOR SEDNUGRAF”. Mais de 380 páginas! Bem escrito, envolvente mesmo com tema ligado ao “espiritismo, mas sem radicalismo nem proselitismo e de leitura agradável foi desde o início a nossa opinião”. Assim como Dr. Rigner andou a exercer a profissão em São Paulo, lá no interior paulista, na cidade de Tupi Paulista (conhecida por nós) nós após um concurso nós estabelecemos em São Paulo, depois Minas onde estamos plantados há 30 anos. Um dia choveu muito aqui em Itajubá, lá pelos idos de 1992 e os rios invadiram domicílios. Nossa pequena biblioteca ficava num anexo ao consultório e os livros que ali estavam foram “rio Sapucaí abaixo” provavelmente para dar dimensão a “Furnas”, além da beleza natural! O “Dr. Gil Sednugaf, personagem central da obra com certeza não morreu afogado. Uma perda que muito sentimos ainda mais que havia uma dedicatória do autor para nós feita num momento de inspiração do Dr. Rigner, numa mesa lá do refeitório da Maternidade Tysila Balbino (eu a considero a minha joia maior desde que lá cheguei em 1960, me parece).
“ O Doutor Sednugaf não é leitura para ser esquecida. Nunca mais conseguimos um novo exemplar, apesar de aqui em Itajubá ter convivido com um irmão do Rigner, médico, e aqui dormindo seu sono eterno. Acontece que ontem 30.06.16 – fim de mês é habito entrar na agência do BB e ali encontramos como sempre amigos porque uma rotina de 30 anos… Pois bem, estávamos em conversa com amigos quando um cidadão que não conhecemos, nem mesmo médico mais novo da turma reconheceu, chegou para nós e foi dizendo:
…doutor, soubemos que o senhor procura um exemplar de um livro de autoria de um médico baiano e de nome complicado. E acentuou: se o senhor for até a livraria do japonês (o dono apenas é descendente), a do “sebo”, o senhor vai achar porque eu vi lá. E como se já nos conhecesse ganhou a praça…
Claro que ficamos “aguçados”. Então atravessamos a praça e entramos no “sebo”. E ai a boa surpresa: estava lá, em exposição com outras obras um exemplar do “O DOUTOR SEDNUGAF”, de Rigener Armentando e com um custo: UM REAL APENAS!
Nos últimos dias vinha andando “meio macambuzio”, mas só em recomeçar a leitura do livro e a pensar que o exemplar retornou à nossa prateleira, fui revigorado. E o selo de UM REAL ficará…