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UMA LIÇÃO DE ANATOMIA DO ENSINO PÚBLICO BRASILEIRO

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Perdoe-me apreciadores de meu mediano texto, gostaria que vocês fossem até o fim. A estrada é longa, é maior que a matéria e sua transcrição do cadáver dissecado sobre a mesa de operação adiante. O corpo do ensino público brasileiro jaz sobre a lájea fria da Sibéria do ensino público. Eis que recomendo a todos que se unam numa corrente só, pois nesse exato momento alçaremos um voo possivelmente sem volta. Façam o pelo sinal da Santa Cruz, decolaremos agora, rumo à estação de nosso apocalipse educacional. Ponham as máscaras de oxigênio, apertem seus cintos e que Deus nos conceda misericórdia.

 

Vamos supor que o prefeito Adroaldo tenha realmente dado aumento aos professores da rede municipal; vamos supor que a educação de Itororó ande as mil maravilhas, como desenhada pela voz do governo na rádio Itapuy e nos informativos de comunicação pagos com o dinheiro do povo; vamos supor que Itororó seja a fazenda modelo de uma educação que realmente prospere e que todos os alunos de sua base ingressem nas universidades e, a partir dali realize seus sonhos.

 

Vamos supor que os professores não morram de medo desse prefeito… Vamos supor que o nosso órgão de fiscalização APLB e demais fiscais do povo estejam realmente zelando pela nossa escola e pelos nossos filhos que estudam na rede pública Municipal. Vamos supor…

 

Cada aluno matriculado da escola pública custa para o estado, que somos nós, a quantia irrisória e absurda ao mesmo tempo (como no caso a seguir), de R$ 2.096,68 reais por aluno. No combate à evasão escolar estão os paladinos da justiça e as tropas de choques das Secretarias de Educação dos estados e municípios brasileiros, salvos honrosas exceções, empunhando suas espadas, bradando a favor do ensino público de qualidade. As “Chirras” e os “Hemans”, dizendo: Eu tenho a força! Eu melhoro o ensino público do Oiapoque ao Chuí. Panfletando a cidade, num concerto de galos que rompem a aurora, com sopranos e tenores de todos os galinheiros e poleiros oficiais de Itororó em altos sons e em imbecis decibéis, conferindo gênero, numero e grau a uma cantilena sagrada nos meios de comunicações vários de todos os dias. O governo do PT de Itororó roga e conclama aos pais que matriculem seus filhos, de idade escolar, que a revolução do ensino básico proposto pelo governo, desse governo que chegou para melhorar suas vidas. E tome-lhe um amontoado de meninos que boa parte só vai à escola por causa da merenda, santa merenda que ameniza o ronco da cuíca de suas barrigas e aliviam o bolso e a bolsa de suas famílias, sem condições de visualizar um horizonte provável que os ampare na posteridade sonhada, os excluídos. Esses que fazem parte do grupo que a presidenta Dilma quer erradicar de nossa sociedade, os miseráveis. Mas voltemos a Itororó: No combate à evasão escolar, o prefeito conta com um grupo de artilheiros de primeira: R$ 2.096,68 reais por aluno, crianças das egressas das classes C, D e E, matriculadas. Mas tem um “porém” aqui, ele, o Governo e a Secretaria de Educação trocam seis por meia dúzia, ou melhor, seis por três na aritimética do cão e na malversação desses R& 2.096,68 reais, destinados para cada aluno da rede pública.

 

No calendário do ano letivo das escolas da rede pública que é para ser cumprido à risca, consta de um número de dias que os alunos têm obrigatoriamente de obedecer. 200 DIAS. Isto, começando rigorosamente no dia 6 de fevereiro e terminando no dia 13 de dezembro. Mas não é assim que procede. Este ano, as aulas começaram no dia 27 de fevereiro, iniciando uma saga heroica e retumbante no combate a evasão escolar. Em Itororó, nesse governo, as aulas começam depois do início recomendado e termina antes do fim. Se cada aluno custa para nós, 2.096,68 reais e as nossas escolas ao invés de obedecer ao calendário de 200 dias de aula ano, e a nossa Secretaria orienta ao contrário, subtrai alguns dias, E NÃO SÃO POUCOS DIAS, SÃO MUITOS, em média um quarto do período indicado por lei, isto é, capam 50 dias de aula desses alunos. Pela lógica sobram 25% do dinheiro do FUNDEB para aplicar na própria educação, correto? Nada correto ocorre com esse governo e com essa secretaria de Educação do município. Esse é uma das fontes de dinheiro que o governo reserva para fazer campanha política para sua reeleição. O famoso caixa de campanha.

 

Enfim, os alunos inocentes de nossa rede pública, que freados pelas brides das mazelas seculares do governo contra o povo, dos que sangram nos lábios os efeitos e os defeitos de uma educação violenta e desastrosa, amparada por um governo impiedoso, de braços dados com uma Secretaria de Educação político-partidária, extremamente danosa e maléfica, que combate a evasão escolar matriculando alunos, e ao mesmo tempo reduzindo os dias de aula dessa classe afetada pelas mazelas do poder e seu absolutismo retrógado, economizando o dinheiro do FUNDEB para sua manutenção. Não vou chamar esse governo de medíocre porque estarei fazendo um elogio, chamarei de maléfico, porque outro adjetivo é passar a mão pela cabeça daqueles que cuidam da educação depondo contra o futuro de nosso dela. POR FIM, SECRETARIA DE EDUCAÇÃO DE ITORORÓ FAZ CAIXA COM O DINHEIRO DO FUNDEB, PARA CAMPANHA DE REELEIÇÃO DO PREFEITO ADROALDO.

No ”fracasso de uma educação, rural e urbana”, que oferece “o circo antes do pão” de Polan Lacki ele faz uma dissecação do ensino público falido, cujo sistema conduz o estudante brasileiro ao futuro como se conduzisse homens aos matadouros clandestinos da realização ilusória, matando os seus sonhos, excluindo o seu real projeto do meio daqueles que fecundarão o óvulo da prosperidade. Diz ele, que nos países latino-americanos, uma crescente porcentagem de jovens, rurais e urbanos, já está conseguindo concluir a escola fundamental e até a média ou secundária. Lamentavelmente, este êxito é mais aparente que real, pois em termos práticos está produzindo resultados decepcionantes. Os jovens, agora mais escolarizados e com um horizonte de aspirações e ambições ampliado, sentem-se frustrados, para não dizer enganados. Depois de estudar longos 11 anos, durante os quais alimentaram a ilusão de que este esforço lhes ofereceria um futuro de oportunidades e de prosperidade, eles descobrem que não estão aptos sequer a obter um modestíssimo emprego; pois egressam do sistema escolar sem possuir as “qualidades” que os empregadores esperam e necessitam encontrar em um bom funcionário. Isto acontece porque o sistema de educação, rural e urbano, não lhes proporciona os conhecimentos úteis, as aptidões necessárias e nem sequer as atitudes e os valores que necessitam para serem bons empregados; tampouco os prepara para que sejam bons cidadãos e pais de família que saibam educar, orientar, alimentar e cuidar da saúde dos seus filhos, etc. Falemos sem eufemismos, com exceção do que lhes foi ensinado nos três primeiros anos (ler, escrever, efetuar as 4 operações aritméticas, aplicar a regra de três e conhecer o sistema métrico), praticamente todos os demais conhecimentos são irrelevantes para que eles possam ter um melhor desempenho no trabalho e na vida pessoal, familiar e comunitária.

 

Nesses oito anos subsequentes, os poucos conteúdos que poderiam ser úteis geralmente são ensinados de maneira excessivamente teórica, abstrata, fragmentada e desvinculada da vida e do trabalho, com o que se transformam em virtualmente inúteis. Então, se impõe a seguinte pergunta: para que estudaram esses oito anos adicionais?

Sejamos objetivos e realistas: qual é a utilidade ou aplicabilidade na vida cotidiana que tem o ensino teórico sobre os logaritmos, os determinantes, a geometria analítica, a raiz quadrada e cúbica? Ou o ensino “memorístico” sobre a história da Cleópatra ou da Imperatriz de Bizâncio, os faraós e as pirâmides do Egito, a história da Mesopotâmia e as altitudes das Montanhas Rochosas? Alguns defensores deste conservadorismo educativo afirmam que tais conteúdos são necessários para desenvolver a criatividade, a engenhosidade, o senso crítico e problematizador, o espírito de iniciativa dos educandos para oferecer-lhes uma suposta “formação integral”. Pessoalmente, opino que existem formas mais inteligentes e produtivas para atingir tais objetivos. Conteúdos mais próximos – no tempo e no espaço – às realidades cotidianas dos educandos seriam muito mais eficazes para desenvolver as suas potencialidades latentes, para estabelecer relações entre causas e efeitos, para evitar que repitam os erros que foram cometidos no passado, etc. Outros teóricos afirmam que é necessário manter esses conteúdos para “democratizar” as oportunidades de acesso à universidade, ignorando que, na maioria dos países da América Latina, apenas 5 ou 10% dos jovens têm esse privilégio. Em tais condições, não é lógico nem justo castigar e entediar os outros 95 ou 90% que não chegarão à universidade, fazendo-os estudar durante oito anos temas excessivamente teóricos, abstratos, longínquos, não utilizáveis e prescindíveis, para não dizer inúteis.

Na dinâmica do mundo contemporâneo, os educandos têm motivações e interesses muito mais imediatos e concretos. A sua principal aspiração é conseguir um trabalho bem remunerado para adquirir os bens e serviços da vida moderna e para poder constituir uma família próspera e feliz. Portanto, uma educação realista deverá ser orientada ao atingimento desses anseios e necessidades concretas e prioritárias da maioria da população; e não a proporcionar-lhe uma crescente quantidade de informações descontextualizadas e desconexas, que são irrelevantes e não utilizáveis na solução dos seus problemas cotidianos.A realidade concreta nos indica que, depois de concluir ou abandonar a escola fundamental e média, a grande maioria dos educandos rurais:

 

A – em uma primeira etapa, vão dedicar-se a atividades agropecuárias, como produtores ou como empregados rurais, nas quais fracassam, principalmente, porque a escola rural preferiu ensinar-lhes a história do Império Romano ou o Renascimento Francês, em vez de ensinar-lhes a produzir, administrar as propriedades rurais e comercializar as suas colheitas com maior eficiência; ignorando que este é o primeiro requisito para que possam incrementar a sua renda e, graças a ela, sobreviver com dignidade no meio rural.

 

B – em uma segunda etapa, depois de fracassar nas atividades rurais, esses ex-agricultores e os seus filhos migram para as cidades onde serão serventes da construção civil, pedreiros, pintores ou marceneiros, motoristas, manobristas e guardadores de automóveis, policiais e vigilantes, cozinheiros e garçons, balconistas e vendedores ambulantes, empregadas domésticas ou faxineiras de escritórios e de edifícios residenciais, garis, burocratas e operários das empresas públicas e privadas, etc, pois, no mundo moderno, são essas atividades urbanas, as grandes ocupadoras de mão-de-obra.

 

Isto significa que os conteúdos curriculares das escolas rurais não responderam às necessidades dos pais e agora os conteúdos das escolas urbanas não respondem às necessidades concretas dos seus filhos. Para que essas maiorias possam realizar-se como pessoas e sejam mais eficientes e produtivas, necessitam de conhecimentos que sejam úteis e aplicáveis para melhorar o desempenho nas ocupações majoritárias recém-mencionadas e, especialmente para que possam desempenhar, com eficiência, outras atividades que são mais valorizadas pela sociedade e pelo mercado de trabalho. O verniz pseudo-cultural e intelectual, tão frequente nos nossos obsoletos currículos, não contribui ao atingimento de nenhum desses dois objetivos; pois os potenciais empregadores não estão muito interessados em saber se os jovens candidatos a um emprego conhecem a biografia de Montesquieu, Robespierre ou Richelieu.

 

O abismo existente entre aquilo que o sistema de educação ensina e o que os educandos realmente necessitam aprender é simplesmente inaceitável. Ele é tão prejudicial à nossa juventude, ao setor produtivo e ao futuro das nossas nações, que não podemos continuar aceitando inconsistentes teorizações, justificativas e elucubrações dos “especialistas” que insistem em manter nos currículos o supérfluo, em vez de substituí-lo pelo essencial. A sociedade como um todo, deverá exigir que o sistema de educação adote transformações radicais, corajosas e imediatas; porque as medidas cosméticas adotadas pelo referido sistema nas últimas décadas demonstraram ser mal priorizadas/direcionadas, insuficientes e ineficazes. Os cidadãos, que através dos seus impostos estão financiando esse anacrônico sistema de educação e pagando as consequências dessa má qualidade educativa, têm todo o direito de exigi-lo; e o sistema de educação tem o dever de acatar essa justíssima reivindicação. Os conteúdos que a maioria dos educandos, provavelmente, nunca utilizará deverão ser sumariamente extirpados dos currículos e substituídos por outros que tenham uma maior probabilidade de ser utilizados pela maioria dos educandos, durante o resto das suas vidas. É necessário oferecer-lhes uma educação que os ajude a que, eles mesmos, possam transformar as suas realidades adversas, corrigir as suas ineficiências e solucionar os seus problemas cotidianos.

 

As crescentes multidões de desempregados e subempregados, pobres e miseráveis que não têm dinheiro para pagar um teto digno, comprar os alimentos e os remédios ou mandar os seus filhos para a escola, para o médico e para o dentista, necessitam, em primeiríssimo lugar, de uma educação útil, no sentido de que as habilite a conseguir um trabalho/emprego gerador de um salário razoável, com o qual possam satisfazer as necessidades primárias de sobrevivência das suas famílias. Estas multidões de “mal-educados” pelas nossas escolas não estão muito interessadas em saber qual é a altitude do Everest ou a extensão do Rio Nilo; tampouco em conhecer a história das competições e batalhas que ocorreram no Circo Máximo ou no Coliseu de Roma. Depois que adquiram os conhecimentos necessários para serem empregados mais produtivos, melhores cidadãos e bons pais de famílias eles poderão buscar as oportunidades e as fontes para adquirir os outros conhecimentos que satisfaçam as suas curiosidades e os seus interesses intelectuais e culturais. Estas oportunidades e fontes não necessariamente deverão ser proporcionadas através do sistema de educação formal (escolarizado). É compreensível que os privilegiados da sociedade que já têm acesso ao pão desejem ir ao circo. Entretanto, a prioridade da grande maioria constituída pelos não privilegiados, pelos pobres, pelos sofridos e pelos abandonados é diferente, eles querem primeiro o pão, depois o circo.

 

E para concluir, a seguinte reflexão que é adequada ao atual desafio da nossa educação: “É preciso navegar, deixando atrás as terras e os portos dos nossos pais e avós; nossos navios têm de buscar a terra dos nossos filhos e netos, ainda não vista, desconhecida” – Nietzsche

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Perdoe-me apreciadores de meu mediano texto, gostaria que vocês fossem até o fim. A estrada é longa, é maior que a matéria e sua transcrição do cadáver dissecado sobre a mesa de operação adiante. O corpo do ensino público brasileiro jaz sobre a lájea fria da Sibéria do ensino público. Eis que recomendo a todos que se unam numa corrente só, pois nesse exato momento alçaremos um voo possivelmente sem volta. Façam o pelo sinal da Santa Cruz, decolaremos agora, rumo à estação de nosso apocalipse educacional. Ponham as máscaras de oxigênio, apertem seus cintos e que Deus nos conceda misericórdia.

 

Vamos supor que o prefeito Adroaldo tenha realmente dado aumento aos professores da rede municipal; vamos supor que a educação de Itororó ande as mil maravilhas, como desenhada pela voz do governo na rádio Itapuy e nos informativos de comunicação pagos com o dinheiro do povo; vamos supor que Itororó seja a fazenda modelo de uma educação que realmente prospere e que todos os alunos de sua base ingressem nas universidades e, a partir dali realize seus sonhos.

 

Vamos supor que os professores não morram de medo desse prefeito… Vamos supor que o nosso órgão de fiscalização APLB e demais fiscais do povo estejam realmente zelando pela nossa escola e pelos nossos filhos que estudam na rede pública Municipal. Vamos supor…

 

Cada aluno matriculado da escola pública custa para o estado, que somos nós, a quantia irrisória e absurda ao mesmo tempo (como no caso a seguir), de R$ 2.096,68 reais por aluno. No combate à evasão escolar estão os paladinos da justiça e as tropas de choques das Secretarias de Educação dos estados e municípios brasileiros, salvos honrosas exceções, empunhando suas espadas, bradando a favor do ensino público de qualidade. As “Chirras” e os “Hemans”, dizendo: Eu tenho a força! Eu melhoro o ensino público do Oiapoque ao Chuí. Panfletando a cidade, num concerto de galos que rompem a aurora, com sopranos e tenores de todos os galinheiros e poleiros oficiais de Itororó em altos sons e em imbecis decibéis, conferindo gênero, numero e grau a uma cantilena sagrada nos meios de comunicações vários de todos os dias. O governo do PT de Itororó roga e conclama aos pais que matriculem seus filhos, de idade escolar, que a revolução do ensino básico proposto pelo governo, desse governo que chegou para melhorar suas vidas. E tome-lhe um amontoado de meninos que boa parte só vai à escola por causa da merenda, santa merenda que ameniza o ronco da cuíca de suas barrigas e aliviam o bolso e a bolsa de suas famílias, sem condições de visualizar um horizonte provável que os ampare na posteridade sonhada, os excluídos. Esses que fazem parte do grupo que a presidenta Dilma quer erradicar de nossa sociedade, os miseráveis. Mas voltemos a Itororó: No combate à evasão escolar, o prefeito conta com um grupo de artilheiros de primeira: R$ 2.096,68 reais por aluno, crianças das egressas das classes C, D e E, matriculadas. Mas tem um “porém” aqui, ele, o Governo e a Secretaria de Educação trocam seis por meia dúzia, ou melhor, seis por três na aritimética do cão e na malversação desses R& 2.096,68 reais, destinados para cada aluno da rede pública. No calendário do ano letivo das escolas da rede pública que é para ser cumprido à risca, consta de um número de dias que os alunos têm obrigatoriamente de obedecer. 200 DIAS. Isto, começando rigorosamente no dia 6 de fevereiro e terminando no dia 13 de dezembro. Mas não é assim que procede. Este ano, as aulas começaram no dia 27 de fevereiro, iniciando uma saga heroica e retumbante no combate a evasão escolar.

 

 Em Itororó, nesse governo, as aulas começam depois do início recomendado e termina antes do fim. Se cada aluno custa para nós, 2.096,68 reais e as nossas escolas ao invés de obedecer ao calendário de 200 dias de aula ano, e a nossa Secretaria orienta ao contrário, subtrai alguns dias, E NÃO SÃO POUCOS DIAS, SÃO MUITOS, em média um quarto do período indicado por lei, isto é, capam 50 dias de aula desses alunos. Pela lógica sobram 25% do dinheiro do FUNDEB para aplicar na própria educação, correto? Nada correto ocorre com esse governo e com essa secretaria de Educação do município. Esse é uma das fontes de dinheiro que o governo reserva para fazer campanha política para sua reeleição. O famoso caixa de campanha. Enfim, os alunos inocentes de nossa rede pública, que freados pelas brides das mazelas seculares do governo contra o povo, dos que sangram nos lábios os efeitos e os defeitos de uma educação violenta e desastrosa, amparada por um governo impiedoso, de braços dados com uma Secretaria de Educação político-partidária, extremamente danosa e maléfica, que combate a evasão escolar matriculando alunos, e ao mesmo tempo reduzindo os dias de aula dessa classe afetada pelas mazelas do poder e seu absolutismo retrógado, economizando o dinheiro do FUNDEB para sua manutenção. Não vou chamar esse governo de medíocre porque estarei fazendo um elogio, chamarei de maléfico, porque outro adjetivo é passar a mão pela cabeça daqueles que cuidam da educação depondo contra o futuro de nosso dela. POR FIM, SECRETARIA DE EDUCAÇÃO DE ITORORÓ FAZ CAIXA COM O DINHEIRO DO FUNDEB, PARA CAMPANHA DE REELEIÇÃO DO PREFEITO ADROALDO.

 

No ”fracasso de uma educação, rural e urbana”, que oferece “o circo antes do pão” de Polan Lacki ele faz uma dissecação do ensino público falido, cujo sistema conduz o estudante brasileiro ao futuro como se conduzisse homens aos matadouros clandestinos da realização ilusória, matando os seus sonhos, excluindo o seu real projeto do meio daqueles que fecundarão o óvulo da prosperidade. Diz ele, que nos países latino-americanos, uma crescente porcentagem de jovens, rurais e urbanos, já está conseguindo concluir a escola fundamental e até a média ou secundária. Lamentavelmente, este êxito é mais aparente que real, pois em termos práticos está produzindo resultados decepcionantes. Os jovens, agora mais escolarizados e com um horizonte de aspirações e ambições ampliado, sentem-se frustrados, para não dizer enganados. Depois de estudar longos 11 anos, durante os quais alimentaram a ilusão de que este esforço lhes ofereceria um futuro de oportunidades e de prosperidade, eles descobrem que não estão aptos sequer a obter um modestíssimo emprego; pois egressam do sistema escolar sem possuir as “qualidades” que os empregadores esperam e necessitam encontrar em um bom funcionário. Isto acontece porque o sistema de educação, rural e urbano, não lhes proporciona os conhecimentos úteis, as aptidões necessárias e nem sequer as atitudes e os valores que necessitam para serem bons empregados; tampouco os prepara para que sejam bons cidadãos e pais de família que saibam educar, orientar, alimentar e cuidar da saúde dos seus filhos, etc. Falemos sem eufemismos, com exceção do que lhes foi ensinado nos três primeiros anos (ler, escrever, efetuar as 4 operações aritméticas, aplicar a regra de três e conhecer o sistema métrico), praticamente todos os demais conhecimentos são irrelevantes para que eles possam ter um melhor desempenho no trabalho e na vida pessoal, familiar e comunitária. Nesses oito anos subsequentes, os poucos conteúdos que poderiam ser úteis geralmente são ensinados de maneira excessivamente teórica, abstrata, fragmentada e desvinculada da vida e do trabalho, com o que se transformam em virtualmente inúteis. Então, se impõe a seguinte pergunta: para que estudaram esses oito anos adicionais?

 

Sejamos objetivos e realistas: qual é a utilidade ou aplicabilidade na vida cotidiana que tem o ensino teórico sobre os logaritmos, os determinantes, a geometria analítica, a raiz quadrada e cúbica? Ou o ensino “memorístico” sobre a história da Cleópatra ou da Imperatriz de Bizâncio, os faraós e as pirâmides do Egito, a história da Mesopotâmia e as altitudes das Montanhas Rochosas? Alguns defensores deste conservadorismo educativo afirmam que tais conteúdos são necessários para desenvolver a criatividade, a engenhosidade, o senso crítico e problematizador, o espírito de iniciativa dos educandos para oferecer-lhes uma suposta “formação integral”. Pessoalmente, opino que existem formas mais inteligentes e produtivas para atingir tais objetivos. Conteúdos mais próximos – no tempo e no espaço – às realidades cotidianas dos educandos seriam muito mais eficazes para desenvolver as suas potencialidades latentes, para estabelecer relações entre causas e efeitos, para evitar que repitam os erros que foram cometidos no passado, etc. Outros teóricos afirmam que é necessário manter esses conteúdos para “democratizar” as oportunidades de acesso à universidade, ignorando que, na maioria dos países da América Latina, apenas 5 ou 10% dos jovens têm esse privilégio. Em tais condições, não é lógico nem justo castigar e entediar os outros 95 ou 90% que não chegarão à universidade, fazendo-os estudar durante oito anos temas excessivamente teóricos, abstratos, longínquos, não utilizáveis e prescindíveis, para não dizer inúteis.

 

Na dinâmica do mundo contemporâneo, os educandos têm motivações e interesses muito mais imediatos e concretos. A sua principal aspiração é conseguir um trabalho bem remunerado para adquirir os bens e serviços da vida moderna e para poder constituir uma família próspera e feliz. Portanto, uma educação realista deverá ser orientada ao atingimento desses anseios e necessidades concretas e prioritárias da maioria da população; e não a proporcionar-lhe uma crescente quantidade de informações descontextualizadas e desconexas, que são irrelevantes e não utilizáveis na solução dos seus problemas cotidianos.

 

A realidade concreta nos indica que, depois de concluir ou abandonar a escola fundamental e média, a grande maioria dos educandos rurais:

A – em uma primeira etapa, vão dedicar-se a atividades agropecuárias, como produtores ou como empregados rurais, nas quais fracassam, principalmente, porque a escola rural preferiu ensinar-lhes a história do Império Romano ou o Renascimento Francês, em vez de ensinar-lhes a produzir, administrar as propriedades rurais e comercializar as suas colheitas com maior eficiência; ignorando que este é o primeiro requisito para que possam incrementar a sua renda e, graças a ela, sobreviver com dignidade no meio rural.

 

B – em uma segunda etapa, depois de fracassar nas atividades rurais, esses ex-agricultores e os seus filhos migram para as cidades onde serão serventes da construção civil, pedreiros, pintores ou marceneiros, motoristas, manobristas e guardadores de automóveis, policiais e vigilantes, cozinheiros e garçons, balconistas e vendedores ambulantes, empregadas domésticas ou faxineiras de escritórios e de edifícios residenciais, garis, burocratas e operários das empresas públicas e privadas, etc, pois, no mundo moderno, são essas atividades urbanas, as grandes ocupadoras de mão-de-obra.Isto significa que os conteúdos curriculares das escolas rurais não responderam às necessidades dos pais e agora os conteúdos das escolas urbanas não respondem às necessidades concretas dos seus filhos. Para que essas maiorias possam realizar-se como pessoas e sejam mais eficientes e produtivas, necessitam de conhecimentos que sejam úteis e aplicáveis para melhorar o desempenho nas ocupações majoritárias recém-mencionadas e, especialmente para que possam desempenhar, com eficiência, outras atividades que são mais valorizadas pela sociedade e pelo mercado de trabalho. O verniz pseudo-cultural e intelectual, tão frequente nos nossos obsoletos currículos, não contribui ao atingimento de nenhum desses dois objetivos; pois os potenciais empregadores não estão muito interessados em saber se os jovens candidatos a um emprego conhecem a biografia de Montesquieu, Robespierre ou Richelieu.

 

O abismo existente entre aquilo que o sistema de educação ensina e o que os educandos realmente necessitam aprender é simplesmente inaceitável. Ele é tão prejudicial à nossa juventude, ao setor produtivo e ao futuro das nossas nações, que não podemos continuar aceitando inconsistentes teorizações, justificativas e elucubrações dos “especialistas” que insistem em manter nos currículos o supérfluo, em vez de substituí-lo pelo essencial. A sociedade como um todo, deverá exigir que o sistema de educação adote transformações radicais, corajosas e imediatas; porque as medidas cosméticas adotadas pelo referido sistema nas últimas décadas demonstraram ser mal priorizadas/direcionadas, insuficientes e ineficazes. Os cidadãos, que através dos seus impostos estão financiando esse anacrônico sistema de educação e pagando as consequências dessa má qualidade educativa, têm todo o direito de exigi-lo; e o sistema de educação tem o dever de acatar essa justíssima reivindicação. Os conteúdos que a maioria dos educandos, provavelmente, nunca utilizará deverão ser sumariamente extirpados dos currículos e substituídos por outros que tenham uma maior probabilidade de ser utilizados pela maioria dos educandos, durante o resto das suas vidas. É necessário oferecer-lhes uma educação que os ajude a que, eles mesmos, possam transformar as suas realidades adversas, corrigir as suas ineficiências e solucionar os seus problemas cotidianos.

 

As crescentes multidões de desempregados e subempregados, pobres e miseráveis que não têm dinheiro para pagar um teto digno, comprar os alimentos e os remédios ou mandar os seus filhos para a escola, para o médico e para o dentista, necessitam, em primeiríssimo lugar, de uma educação útil, no sentido de que as habilite a conseguir um trabalho/emprego gerador de um salário razoável, com o qual possam satisfazer as necessidades primárias de sobrevivência das suas famílias. Estas multidões de “mal-educados” pelas nossas escolas não estão muito interessadas em saber qual é a altitude do Everest ou a extensão do Rio Nilo; tampouco em conhecer a história das competições e batalhas que ocorreram no Circo Máximo ou no Coliseu de Roma. Depois que adquiram os conhecimentos necessários para serem empregados mais produtivos, melhores cidadãos e bons pais de famílias eles poderão buscar as oportunidades e as fontes para adquirir os outros conhecimentos que satisfaçam as suas curiosidades e os seus interesses intelectuais e culturais. Estas oportunidades e fontes não necessariamente deverão ser proporcionadas através do sistema de educação formal (escolarizado). É compreensível que os privilegiados da sociedade que já têm acesso ao pão desejem ir ao circo. Entretanto, a prioridade da grande maioria constituída pelos não privilegiados, pelos pobres, pelos sofridos e pelos abandonados é diferente, eles querem primeiro o pão, depois o circo.

 

E para concluir, a seguinte reflexão que é adequada ao atual desafio da nossa educação: “É preciso navegar, deixando atrás as terras e os portos dos nossos pais e avós; nossos navios têm de buscar a terra dos nossos filhos e netos, ainda não vista, desconhecida” – Nietzsche

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Jornal Digital Jornal Digital – Edição 745