Os últimos acontecimentos nos levaram a refletir um pouco mais sobre Segurança Pública no nosso país. Nessa reflexão, pudemos notar as inúmeras dificuldades encontradas pelas polícias, principalmente a carioca. O estado fluminense, bem como o paulista, em razão do narcotráfico, cujas raízes foram fincadas através das facções criminosas Comando Vermelho (CV) e Primeiro Comando da Capital (PCC), respectivamente, vêm sofrendo suas maléficas consequências, abalando e causando terror à sociedade. O CV vem se alastrando no país desde a década de 70, e o PCC desde a década de 90; ou seja, ambas facções medrando, se organizando, fazendo prosélitos e se fortalecendo há mais de 30 anos no Brasil.
Paradoxalmente, vemos as forças policiais a cada dia perdendo as hostes que as compõem, considerando todas elas terem substancial defasagem de efetivo; apresentando extremas dificuldades de material bélico, equipamentos e petrechos; escassez de viaturas; falta de motivação, em razão, dentre outras coisas, de disporem de um plano de carreira em que quase não há oxigenação, concorrendo para que inúmeros servidores praticamente fiquem estagnados nos seus postos e graduações; uma polícia judiciária com sérios embaraços, de pessoal, de falta de estrutura e de condições de trabalho, fazendo de suas delegacias verdadeiras “Casas de Detenção”, ante a ausência das mesmas principalmente no interior do Estado; ausência de pátios do Órgão de Trânsito, na maioria das cidades do interior, para recepcionarem os veículos retidos nas blitzes, enfim! São tantas dificuldades que daríamos para elencá-las em inúmeras linhas deste ensaio, o que não vem ao caso.
Em razão da defasagem de efetivo, as várias guarnições da PM assumem obrigatoriamente o modelo Tipo “A”, à luz dos preceitos do Policiamento Ostensivo Geral, sendo integradas por tão-somente dois policiais – motorista e comandante -, tornando-os vulneráveis em razão da insuficiência numérica para fazer frente às várias ações criminosas, as quais, na maioria das vezes, acontecem em decorrência de tal fragilidade. Nesse particular, as investidas contra as agências bancárias e Terminais de Autoatendimento (TAA) assumem primazia.
Notamos, assim, que os governantes, de um modo geral, não têm se empenhado, como deveria, para suprir as carências das forças policiais, alegando sempre “falta de recursos”! É preciso ressaltar que todo recurso destinado à Segurança Pública – um dos pilotis de sustentação de qualquer sociedade – se converte em investimento e não em gasto! Nunca se precisou tanto de polícia como na atual conjuntura! Desta forma, pensamos que todo esforço envidado no sentido de se buscar o fortalecimento das forças policiais, em todos os sentidos, se reveste na medida política mais importante da atualidade, para se evitar o recrudescimento do crime, o qual já apresenta índices preocupantes!