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VÍTIMAS DO ALCOOLISMO

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Segundo uma lenda antiga, incorporada ao folclore israelita, Noé, logo após o dilúvio, resolveu dedicar-se à agricultura.

Estava preparando a terra para o plantio, quando apareceu o Diabo e perguntou-lhe:

­ ­­- Que está fazendo velho?

– Vou implantar aqui uma vinha – respondeu.

O Diabo, especulativo, queria saber mais:

– Espera uma boa colheita? Como são os frutos?

 Os frutos são deliciosos, um verdadeiro manjar dos deuses. Tanto podem ser saboreados maduros, ou secos. Além disso, pode-se extrair deles um caldo precioso que se transforma, pela fermentação, em uma bebida de excelente paladar: o vinho, que é um poderoso estimulante e proporciona ao homem sonhos paradisíacos.

– Então, quero ser teu sócio na lavoura, propôs o Maligno.

Noé aceitou a proposta, com a condição de ficar o parceiro encarregado de regar e adubar a terra.

Astuto e maldoso, o Diabo fez a adubação com o sangue de quatro animais retirados da Arca: o cordeiro, o leão, o porco e o macaco.

 Uns tornam-se mansos e inofensivos como o carneiro; outros, valentes e agressivos como o leão e alguns ficam indolentes e estúpidos como o porco. Há, finalmente, os que, com seus trejeitos e estroinices, assumem a atitude do macaco. Por isso, tem-se observado o procedimento daqueles que se embriagam. Postura ou gesticulação que provoca riso, semelhante à dos macacos.

A primeira vítima do vinho foi Noé, que se embriagou ao ingerir a bebida, pondo-se nu dentro de sua tenda. (Gênesis 9:21). Outro personagem que a Bíblia relata é LÓ, sobrinho de Abraão, em idade provecta, foi iludido por suas duas filhas, deram-lhe a beber vinho, o embriagaram e deitaram-se com ele, com o objetivo de preservar a descendência do pai. Assim, Ló passou a ser avô dos próprios filhos.

O ato de beber tem início na própria sociedade e está ligado a festas, encontros sociais, recepções a familiares, festas populares, (Carnaval, festas juninas etc.), e outros estímulos, como beber para abrir apetite e, procedimentos como oferecer ao filho bebida como diversão. Os mais afoitos são os jovens adolescentes (rapazes e moças) que o utilizam para desinibir-se, criar coragem, entre outros motivos.

 É nessa fase que o adolescente se envolve geralmente em acidentes de trânsito e ou violências  e brigas diversas e  pelas conquistas amorosas por se acharem encorajados pelo uso excessivo da bebida e ainda são incentivados por colegas que se encontram na mesma condição e,  por consequência cometem  diversos crimes .

 Esse é um procedimento humano, seja qual for a condição, econômica ou posição social, racial e, grau de instrução, mas é na classe pobre onde a delinquência é mais acentuada, por questões sociais, como dificuldades financeiras, falta de instrução, desempregos e mesmo da etnia. Pessoas que vivem em favelas e na periferia estão mais sujeitas a essa condição, um terrível luta pela sobrevivência. Até os índios são vítimas do alcoolismo.

Desde cedo o homem descobriu que as bebidas alcoólicas, por seu efeito inicial de euforia, o motivaram a usá-lo para alívio das angústias e liberação da inibição e outras tensões emocionais e psicológicas. O alcoolismo tem infinitas consequências negativas que provocam a deterioração do organismo.

 Com o tempo, o vício do álcool e outras drogas associadas, levam o usuário a tornarem-se marginais, a mentirem e praticarem homicídios e roubos. Perdem o emprego e, provocam o desequilíbrio da vida familiar. Vão para a mendicância, são acometidos de delirium tremens, alucinações, cirrose hepática, desequilíbrio mental e social. Para completar o quadro de intoxicação, são alvos das falsificações – baldeações criminosamente adulterada e,  altamente perniciosa ao consumo de quem já está com a saúde debilitada.

Muitas clínicas particulares se propõem a recuperar o viciado seja por alcoolismo ou por outras drogas. É um tratamento prolongado que inclui medicamentos e terapias auxiliares, mas há uma série de problemas a encarar. O primeiro deles é o econômico, muitas famílias não têm como arcar com os custos, inviabilizando o procedimento.

 Os AA – Alcoólatras Anônimos, desde 1935 vêm recuperando os viciados em álcool e os definem como:  “Qualquer pessoa cujo hábito de beber continuamente ou esporadicamente, resulta em comportamento que perturba suas relações normais com o trabalho, a família e a sociedade”. E acrescentam o lema que tem significado muito expressivo: “Se você quer beber, o problema é seu; mas se você quer parar de beber o problema é nosso”. Entretanto é necessário o desejo de recuperar-se. Daí ser imprescindível aceitar-se, como, um dependente do álcool. A ajuda e a compreensão da família são importantes nesse processo de libertação do vício.

Há os que bebem por temporada, é o conhecido bebedor periódico, bebem por determinado tempo e depois param. Sóbrio e debilitado, procuram um médico para recuperar lhe a saúde, embora tenha conhecimento dos efeitos deletérios do álcool. Isso significa um desequilíbrio de ordem psicológica e ou emocional.

 Há os que bebem e controlam à sua vontade de beber e outros não conseguem, são incapazes de controlar o ato de ingerir a bebida alcoólica, se embebedam. Há os que bebem, apenas, nos fins de semana, e são considerados, também, como alcoólatras.

Os efeitos da abstinência provocam muitos problemas de saúde no indivíduo que necessita a intervenção médica para amenizar o seu sofrimento.

 O prazer do efeito do álcool, induz o usuário ao esquecimento dos seus problemas pessoais. O vício torna-se doloroso, a medida, que produz angústias, melancolias e depressão que não resolvem os conflitos psicológicos do indivíduo, sejam eles afetivos ou de qualquer questão não resolvida.

Muitos pais percorrem um caminho doloroso quando o filho se envereda pelo vício alcoólico ou faz uso de drogas químicas. Desesperados, abalados, procuram clínicas e outros meios que lhes deem a esperança de libertarem o filho do vício.

 O sofrimento, a desilusão, a revolta pela impotência de não obterem o êxito esperado para a sanidade do viciado, chegam a tal ponto de desejarem, tanto a morte deles, quanto a do filho  viciado, que destrói a família pela inconsequência de seus atos.

Em Brumado havia um botequim, ponto de encontro de alcoólatras, onde passavam o tempo bebericando e jogando conversa fora. Quando alguém se embriagava e não tinha condições de se locomover sozinho, o dono do boteco providenciava um táxi e mandava levar o sujeito em sua residência.

 Certa feita, faleceu um dos frequentadores do boteco e, um parceiro, amigo do defunto, foi visitá-lo. Íntimo da família, perguntou à mãe do morto, qual foi a causa do falecimento. Ela respondeu que o filho alegou que estava com dor de cabeça e tomou um analgésico e foi dormir, para seu desespero, o filho foi encontrado na manhã seguinte, sem vida.

 O amigo alcoólatra, reagiu: “cachaça não mata ninguém, o que matou meu amigo, foi o comprimido que ingeriu”. Fez a defesa da “branquinha” em causa própria.

 A Organização Mundial de Saúde (OMS) considera o alcoolismo como a pior doença do mundo.

Recomenda-se que o indivíduo se abstenha do álcool, preserve a sobriedade, a saúde do corpo e da alma, viva em paz de espírito e seja feliz.

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Jornal Digital Jornal Digital – Edição 745