Por Gabriela Oliveira
Acompanhado da delegada-geral da Polícia Civil e do comandante geral da Polícia Militar da Bahia, respectivamente Belª Heloísa Campos de Brito e Cel. PM Paulo José Reis de Azevedo Coutinho, o secretário de Estado de Segurança Pública da Bahia, Ricardo César Mandarino Barretto, esteve em Vitória da Conquista na manhã da segunda-feira (19).
Em uma reunião da qual participaram membros do Batalhão e das Companhias Independentes da Polícia Militar, do Departamento de Polícia do Interior e das Delegacias Territoriais sediadas na cidade, além de representantes da imprensa, realizada na sede do 9ª Batalhão de Polícia Militar da Bahia, o titular da Secretaria de Estado de Segurança Pública da Bahia detalhou a ação que resultou na morte de dois policiais militares – Ten PM Luciano Libarino Neves, 34 anos; e SD PM Robson Brito de Matos, 30 anos – no Distrito de José Gonçalves. Os dois policiais militares foram mortos por ciganos em uma emboscada, na manhã do último dia 13.
De acordo com o secretário, os dois policiais militares estavam no Distrito de José Gonçalves, à paisana, cumprindo uma missão de investigação sobre denúncias de populares relacionadas à supostos crimes de receptação que estariam sendo cometidos por um grupo de ciganos. A ação, reforçou o secretário Ricardo César Mandarino Barretto, “foi legítima”.
Ainda segundo o secretário, apesar da ação ter sido proposta e estar sendo conduzida anonimamente, de alguma forma os ciganos que estariam envolvidos nos crimes investigados tiveram acesso à informação que possibilitou que armassem uma emboscada e assassinassem os dois PM’s. O secretário destacou que a dimensão dos crimes que estariam sendo praticados pelo bando, que justificaram o assassinato dos PM’s, ainda não foi esclarecido.
Ricardo César Mandarino Barretto tranquilizou a população conquistense e regional, destacando que as investigações e ações desenvolvidas após o assassinato dos PM’s estão sendo conduzidas para identificar o paradeiro e prender os suspeitos para que sejam entregues à Justiça. “Queremos passar para sociedade certa tranquilidade. A orientação é para fazer as coisas dentro da Lei e entregar os criminosos à Justiça, sem violência, na medida do possível”, pontuou Ricardo César Mandarino Barretto, acrescentando estar convencido que as Polícias Militar e Civil estão sendo conduzidas “da forma mais correta possível”.
O secretário lamentou que setores da sociedade, entidades ligadas aos Direitos Humanos e que representam comunidades e associações de ciganos, não apenas do Estado, mas de outros entes federativos, estariam fazendo, equivocadamente, juízo de valor sobre a ação das Polícias, que tem sido realizada, enfatizou, de forma correta, dentro do que prevê a legislação vigente. Reforçou que, ao contrário do que tem sido veiculado, a Polícia Militar tem dado apoio e proteção aos ciganos do Distrito de José Gonçalves e que são improcedentes as informações em contrário. O secretário Ricardo César Mandarino Barretto reafirmou o compromisso com a legalidade, lamentando, ainda, não terem sido registradas nenhuma manifestação de solidariedade às famílias, aos amigos e aos colegas pelo assassinato dos dois policiais militares.
Para o secretário, crimes que ocorreram após o dia 13, quando os PM’s foram assassinados, podem não ter nenhuma relação com o que aconteceu no Distrito de José Gonçalves. “Houve outros crimes depois disso (assassinato dos PM’s) – mortes de ciganos – que até aqui não temos como fazer vinculação com a morte dos PM’s”, apontou o secretário de Estado de Segurança Pública, ressaltando que os interessados em atrapalhar as investigações tem tentado atribuir à Polícia Militar a autoria das mortes, sem apresentar qualquer evidência.
Segundo o secretário, o menor rendido em uma Loja de Conveniência ou Farmácia, não soube precisar, que foi baleado por um homem que usava capacete – o que impediu sua identificação pelas imagens das câmeras de segurança – pode ter sido uma “queima de arquivo”. Há a suspeita que o menor seria uma importante fonte de informação para as investigações e teria sido, por essa razão, executado. “O menor rendido numa Loja de Conveniência, Farmácia, atingido por uma pessoa de capacete. Não foi identificado quem o atingiu. Acreditamos que ele era uma fonte de informações e por isso pode ter sido queima de arquivo por parte dos próprios ciganos dessa comunidade que estava sendo investigada”, sublinhou o secretário, destacando que o fato da mãe do menor não ter sido atingida, reforçaria o entendimento que o crime estaria, de alguma forma, relacionado a uma execução para calar uma possível testemunha. Mas, ponderou, que as circunstancias e motivações para o crime estão sendo investigadas e serão esclarecidas.
O secretário concluiu sua intervenção confirmando que seis suspeitos estão foragidos e outros três morreram em confrontos com os policiais envolvidos nas operações de captura em Vitória da Conquista e em Itiruçu. Outro suspeito foi preso em flagrante durante a ação do duplo homicídio. O homem terminou ferido no braço e, após atendimento, foi autuado.
O comandante-geral da Polícia Militar da Bahia, Cel. PM Paulo José Reis de Azevedo Coutinho, foi breve em sua participação, corroborando com o que já havia sido dito pelo secretário de Estado de Segurança Pública da Bahia, em relação à isenção, lisura e transparência das ações desenvolvidas pela Polícia Militar de Vitória da Conquista, focada no bem-estar da sociedade. “A Polícia Militar continuará trabalhando pela proteção da nossa sociedade com tranquilidade, lisura de procedimento e, sobretudo, com isenção para chegar nos autores e, através da Polícia Judiciária, levar à Justiça para serem responsabilizados”, acentuou o Cel. PM Paulo José Reis de Azevedo Coutinho.
Já a delegada-geral da Polícia Civil da Bahia, Belª Heloísa Campos de Brito, em sua intervenção, reforçou o que medidas necessárias estão sendo conduzidas pelas Polícias Civil e Militar para que o assassinato dos PM’s seja esclarecido e os suspeitos presos. A delegada geral da Polícia Civil da Bahia destacou o empenho e a dedicação dos policiais civis envolvidos nas investigações dos crimes e a prisão de todos os envolvidos. Heloisa Campos de Brito concluiu sublinhando que o trabalho da Polícia Civil não estará concluído com prisão dos envolvidos, mas terá continuidade após a concussão e esclarecimento de todos os fatos. “A Polícia Civil continuará a desempenhar suas atividades com todo empenho e lisura para prestarmos serviços de melhor qualidade sempre e trazer tranquilidade (à sociedade) após conclusão e esclarecimento de tudo”, sublinhou a delegada-geral da Polícia Civil baiana.
A delegada-geral da Polícia civil baiana pontuou que os Policiais Militares tentaram se defender, após já terem sido atingidos, o que não foi suficiente para que escapassem da morte. A afirmativa da delegada Heloisa Campos de Brito, segundo reforçou, foi feita a partir do trabalho pericial realizado pela Polícia Técnica. “Com base na perícia feita no local, ficou claro que os policiais efetuaram os disparos após terem sido atingidos. Um estudo da posição exata em que os policiais estavam mostra que, após eles terem sido surpreendidos, conseguiram sacar as armas, mas infelizmente não foi suficiente para que evitasse o confronto e óbito deles”, sublinhou a delegada.
Na oportunidade, a cúpula da Segurança Pública do Estado revelou, também, que diferentemente do que foi veiculado, os telefones celulares dos dois PM’s assassinados, embora tenham sido levados pelos assassinos, foram recuperados e estão de posse da Delegacia Homicídios e Proteção à Pessoa. As armas, no entanto, ainda não foram recuperadas.