Por Redação
Contrariando as orientações da Organização Mundial da Saúde, Ministério da Saúde, Secretarias de Estado da Saúde da Bahia e Secretaria Municipal de Saúde, um grupo de empresários se mobilizaram através das redes sociais e realizaram no final da manhã da sexta-feira, 17, uma carreta que saiu do Bosque da Paquera, em frente ao Parque de Exposições Teopompho de Almeida, pedindo a flexibilização do Decreto Municipal que restringiu o funcionamento de estabelecimentos do comércio varejista e de serviços não essenciais. As lideranças da manifestação fizeram questão de pontuar que o movimento é nacional e em Vitória da Conquista não contou com a participação da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL).
Um dia após o presidente da República, durante a apresentação do novo ministro de Estado da Saúde insistir na necessidade da flexibilização do isolamento social e na retomada imediata das atividades comerciais e industriais no país, os manifestantes conquistenses, embora reforçando que o movimento – ‘Luto pelo Comércio’ – não tinha qualquer conotação político partidária, com o mote ‘Ou abre tudo, ou fecha tudo’, percorreram as principais vias da cidade. Os manifestantes usaram um caixão para reforçar a identificação da mobilização, denominada ‘Luto pelo Comércio’, o que acabou chamando a atenção das pessoas por onde passaram, muito mais que as palavras de ordem repetidas por um dos líderes do protesto.
Para os cerca de cinquenta empresários que participaram da manifestação, o isolamento total que vem sendo adotado no município e em diversas cidades do Estado, permitindo apenas o funcionamento de atividades consideradas essenciais, é uma medida exagerada e fere o princípio da equidade. Reforçam, ainda, que os prejuízos estão aumentando e as demissões de funcionários, que já estariam ocorrendo, são inevitáveis.
Um dos participantes da manifestação, mais exaltado e demonstrando estar afinado com o discurso do presidente da República, que não quis se identificar, repetiu que os infectologistas – embora não tenha citado o nome de nenhum – defendem o isolamento de idosos e dos grupos de risco. Ponderou, ainda, que é possível reduzir o número de pessoas nos ônibus, por exemplo, além de adotar outras medidas nas lojas e escritórios, mas entender que manter o comércio fechado “é uma atitude comunista e autoritária.”
Demonstrando mais serenidade, outro empresário que participou do movimento, disse estar plenamente consciente da necessidade de serem adotadas medidas para evitar uma eventual – embora não acredite – explosão da curva de contagio que exija a internação dos infectados, mas ressaltou que é fundamental, também, que haja bom senso e as atividades econômicas, mesmo com restrições e atendendo a recomendações sanitárias, sejam retomadas. “Estamos preocupados com as consequências dessas medidas a curto prazo, considerando ser inevitável as demissões. Dá para atender as recomendações dos técnicos da Saúde sem comprometer a economia”, ressaltou. Concluiu afirmando que defende a retomada da economia por temer o aumento do desemprego e a falência das empresas com a suspensão compulsória dos negócios.
Profissional liberal, que também concordou em falar desde que não tivesse a identidade revelada, outro manifestante disse que todos os participantes da carreata entendem que o isolamento da forma como está sendo adotado é exagerado, que a quarentena deveria ser observada apenas as pessoas dos grupos de risco e os sintomáticos, podendo o restante da população dar continuidade à produção e às atividades comerciais da cidade, seguindo todos os critérios para manter a assepsia e evitar que não haja disseminação do vírus. “Devemos cuidar não só das pessoas que serão contaminadas com o vírus, porque será inevitável, faz parte do ciclo de uma pandemia, mas também defendemos que a gente não pode sacrificar outras pessoas que não têm de onde tirar um dinheiro para se alimentar e que as empresas precisam estar ativas para poder garantir empregos, salários e renda”, pontuou.
Durante o percurso da carreata, os participantes receberam manifestações de apoio e de desaprovação.
Ouvida pela reportagem do JS, por meio da Assessoria de Comunicação, a Diretoria da Câmara de Dirigentes Lojista disse ter encaminhado ao prefeito Herzem Gusmão Pereira, há duas semanas, um oficio com o posicionamento da Entidade solicitando a reabertura das lojas. A defesa da CDL pela flexibilização das medidas restritivas adotada na prevenção e combate ao Covid-19, ressalta a Diretoria da Entidade, foi baseada no resultado de uma enquete, onde a maioria dos associados se posicionou pela reabertura do comércio. “O posicionamento da CDL continua o mesmo, mas respeitando a decisão do Governo Municipal”, conclui a nota da CDL.
A Prefeitura Municipal não respondeu ao contato feito através de e-mail encaminhado à Secretaria Municipal de Comunicação Social para que pudesse comentar a manifestação.
A manifestação foi pacífica e acompanhada de perto pela Polícia Militar, através do Batalhão Águia e de efetivo da 78ª Companhia Independente de Polícia Militar.
No final, manifestação perde o foco ao parar em frente ao Condomínio onde mora o prefeito Herzem Gusmão
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Depois de percorrer as principais vias do centro comercial da cidade, a carreata dos empresários em favor da reabertura dos estabelecimentos comerciais considerados não essenciais, que transcorreu em um clima de tranquilidade, somente quebrado na concentração pela atitude do vereador e candidato à sucessão municipal Davi Salomão dos Santos Lima (PRTB) – Veja box – que tentou, sem sucesso, se apropriar politicamente do protesto, acabou perdendo apoios ao parar em frente ao Condomínio Mansão da Avenida Central Parque, onde reside o prefeito Herzem Gusmão Pereira (MDB).
Um dos líderes da manifestação, Saulo Bruno de Barros, que atua no comércio varejista de equipamentos de telefonia e comunicação, em cima do mini trio que acompanhou o protesto, pediu ao prefeito que ouvisse os empresários. “…O senhor está assassinando nosso comércio”, protestou Barros, acrescentando que os empresários pedem apenas o “direito de trabalhar”.
Para um empresário que não participou da manifestação por ter tido que cumprir um compromisso particular no mesmo horário, segundo relatou ao JS, independentemente do número de pessoas que estiveram no protesto, a mensagem foi dada e exige das autoridades e da sociedade em geral uma reflexão. Segundo ele, que foi ouvido por telefone e solicitou que tivesse a identidade preservada, com o comércio paralisado, muitas empresas tendem a falir por conta da falta de arrecadação com vendas, o que vai impactar no tecido social, pois não terão como pagar salários e serão obrigados a demitir, possivelmente sem poder arcar com os custos previstos na legislação.
Embora partidário do movimento, o empresário condenou o fato da manifestação ter sido encerrada na porta do Condomínio onde mora o prefeito. “Esse (casa do prefeito) não é o foro para essa discussão. Não podemos deixar de agir com racionalidade para não perder o apoio da sociedade. Temos de agir com serenidade e sem baixar o nível. Atacar o prefeito não vai fazer ele recuar. Temos de apresentar argumentos que sejam mais convincentes dos que estão sendo utilizados para manter o fechamento do comércio”, pontuou.
Vereador invade movimento é repudiado e ofende comerciante, mas aproveita para criticar prefeito
Por Redação
O vereador e pré-candidato à sucessão municipal de Vitória da Conquista, Davi Salomão dos Santos Lima (PRTB), tentou faturar em cima da manifestação dos empresários pela abertura do comércio e acabou provocando tumultos.
Primeiro, ao chegar ao local e ser recebido com reprovação por uma comerciante, Iaci Gonçalves Melo, que reforçou o caráter apartidário da manifestação, bem ao seu estilo, aos gritos, Davi Salomão dos Santos Lima, segundo áudio que a empresária tornou público, a chamou de “vagabunda”, causando revolta nas pessoas que assistiram à cena. A empresária decidiu, diante da recusa do vereador em ir embora, não mais participar do movimento e prometeu, em razão da suposta agressão verbal, registrar um Boletim de Ocorrência.
Não satisfeito, David Salomão tentou subir no mini trio para discursar e causou novo tumulto, sendo impedido pelos empresários.
Chamado de oportunista e tendo sua presença repudiada pelos empresários que estavam na concentração da carreata, no Bosque da Paquera, o vereador e pré-candidato à sucessão municipal Davi Salomão não se intimidou e, apesar de ter o acesso ao mini trio, onde pretendia discursar, barrado, usou o ‘caixão’ que simbolizava o nome do movimento para fazer um vídeo, que postou em suas redes sociais, criticando o prefeito, que acusou de estar querendo “matar o comércio”.