Com o início do ano letivo em todos os Estados, cresce a preocupação de pais e responsáveis com as medidas necessárias para prevenir doenças e garantir o bem-estar de seus filhos e parentes nas salas de aula e em casa. Essa inquietação recorrente fez com que a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) determinasse ao seu Departamento Científico de Saúde Escolar o preparo de um guia de orientação a ser encaminhado a todos os pediatras e disponibilizado à sociedade. O trabalho foi divulgado nesta terça-feira (14).
ACESSE A ÍNTEGRA DO GUIA DA SAÚDE DO ESCOLAR NA VOLTA ÁS AULAS
No total, há pouco mais de 10 recomendações simples, fáceis de serem incorporadas às rotinas de famílias e instituições de ensino. Elas contemplam diferentes áreas: desde a prevenção aos agravos de saúde (crônicos e transmissíveis); passando pela adoção de hábitos e práticas saudáveis, como cuidados com alimentação, excesso de peso em mochilas e segurança no trânsito; até as relações interpessoais nas salas de aula e espaços de convivência.
De acordo com o grupo de especialistas, coordenados pelo dr. Joel Bressa da Cunha, presidente do DC, algumas questões devem ser consideradas pela escola, professores, famílias e alunos, assim como pelos pediatras que os acompanham em seu processo de crescimento e desenvolvimento. O contato com novos grupos, a mudança nas rotinas e a inserção de espaços e cronogramas desconhecidos exige, por exemplo, a atenção para sinais de bullying ou de outra forma de violência torna-se essencial.
Outro ponto destacado pelos integrantes do DC de Saúde Escolar como importante de ser monitorado é a adaptação aos novos horários. “Nas férias costuma haver mudanças de hábitos, às vezes bem radicais, que devem voltar à normalidade durante o período escolar. Quem dormia pouco ou deitava e acordava tarde precisará voltar a um padrão que valorize as horas de sono necessárias para um bom rendimento na escola, estando descansado e atento”, cita o texto.
Os cuidados com a alimentação, que deve ser bem balanceada e adequada às exigências das atividades dos alunos, e com a ingestão frequente de água, também precisam ser considerados pelos professores, pais e responsáveis. Da mesma forma, deve ser observado o peso da mochila do estudante. Para evitar danos (dores e, mais tarde, desvios da coluna), quando cheia, ela não deve ultrapassar 10% do peso do estudante.
Os pediatras sugerem que ela seja organizada diariamente para levar só o que for necessário e que, na hora da compra, diante das inúmeras opções disponíveis se opte pelos modelos de materiais leves e cujo tamanho da mochila fique acima da cintura de quem vai carregá-la para a escola.
Ainda há preocupação com a segurança das crianças e dos adolescentes no trajeto até a escola. “Não podemos nos esquecer do transporte dos estudantes para a escola e na volta para a casa. Seja em automóvel, transporte escolar, transporte coletivo ou mesmo a pé, é fundamental atender a todos os requisitos de segurança, especialmente o uso de cinto e de cadeiras apropriadas, de acordo com a idade”, alertam os pediatras da SBP.
Do ponto de vista de sinais e sintomas, que podem ser o indício de problemas de saúde mais graves, recomenda-se ficar atento a queixas visuais, como dificuldade de ler à distância, e dores de cabeça. “Convém estar atento a essas alterações nas primeiras semanas de aula, caso uma revisão dos óculos (para quem usa) ou uma consulta com oftalmologista não tenha ocorrido recentemente”, afirma o alerta do DC de Saúde Escolar, que faz outra recomendação: “é importantíssimo saber da acuidade auditiva dos estudantes e providenciar exame se houver dúvidas ou se aparecer alguma dificuldade sugestiva”.
Medidas preventivas devem ser adotadas pelos pais e responsáveis, e mesmo pelas escolas, para evitar contágios indesejados. Os pediatras pedem que os cartões de vacinação dos alunos estejam em dia. “Se houver vacinas em atraso e não se aproveitou o período das férias para colocá-las em dia, não se deve perder tempo”, informa o texto divulgado pela SBP, que também pede especial atenção (principalmente nos primeiros anos de vida) à possibilidade de aumento do número de casos de doenças de transmissão interpessoal, considerando o convívio em ambientes coletivos.
Neste grupo, destacam-se as doenças causadas por vírus e as parasitoses. O DC de Saúde Escolar ainda recomenda cuidados nas localidades onde há risco de doenças transmitidas por vetores. “Alguns lugares do país recebem seus alunos na volta das férias em clima de preocupação com a possibilidade das doenças que têm em comum a transmissão pelo mosquito Aedes aegypti. Há preocupação com dengue, zika e chikungunya e não podemos deixar de considerar a hipótese de febre amarela, atentando para aqueles estudantes que recentemente estiveram em áreas rurais ou de matas, nas regiões que estão apresentando casos da doença”.
De acordo com os pediatras, as escolas devem estar preparadas para o combate aos mosquitos, com aplicação adequada de inseticidas e eliminação sistemática de depósitos de água parada. “E também preparar-se (e orientar) para aplicação de repelente de insetos nos alunos, quando recomendado. Incluir o tema no planejamento pedagógico é bem oportuno”, sugere a nota divulgada.
Finalmente, a SBP ressalta aos pais e responsáveis a importância da consulta pediátrica, “que pode agregar todas essas demandas junto às famílias, atendendo as especificidades de todas as faixas etárias, e, por isso, é imprescindível”. Além disso, como lembram os especialistas, há estudantes que precisam receber medicação no horário escolar (especialmente aqueles com doenças crônicas). “É a hora de novamente combinar os detalhes com a escola e com os novos professores, a fim de que tal necessidade seja contemplada sem prejuízos”, conclui o DC.
Juntamente com o dr. Joel Bressa da Cunha, participaram da elaboração do documento divulgado pela SBP os seguintes integrantes do DC de Saúde Escolar: dra. Mércia Lamenha Medeiros (secretária) e drs. Abelardo Bastos Pinto Jr, Cláudia Machado Siqueira, Elaine Mara Cesário Pereira Maluf, Maria de Lourdes Fonseca Vieira e Paulo Cesar de Almeida Mattos (todos membros do Conselho Científico).
ALGUMAS DAS RECOMENDAÇÕES DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE PEDIATRIA PARA UM RETORNO TRANQUILO DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES ÀS AULAS
1) Atenção para sinais de bullying ou de outra forma de violência torna-se essencial;
2) Monitorar a adaptação aos novos horários, valorizando-se as horas de sono necessárias para um bom rendimento na escola, estando descansado e atento;
3) É preciso oferecer uma alimentação balanceada e adequada às exigências das atividades dos alunos, bem como garantir a ingestão frequente de água;
4) Deve ser observado o peso da mochila do estudante. Para evitar danos (dores e, mais tarde, desvios da coluna), quando cheia, ela não deve ultrapassar 10% do peso do estudante;
5) As mochilas devem ser organizadas diariamente para levar só o que for necessário. Na hora da compra, optar pelos modelos de materiais leves e cujo tamanho da mochila fique acima da cintura de quem vai carrega-la para a escola;
6) É necessário cuidado com a segurança das crianças e dos adolescentes no trajeto até a escola, seja em automóvel, transporte escolar, transporte coletivo ou mesmo a pé, é fundamental atender a todos os requisitos de segurança, especialmente o uso de cinto e de cadeiras apropriadas, de acordo com a idade;
7) Recomenda-se atenção a queixas visuais, como dificuldade de ler à distância, e dores de cabeça. É importante também conhecer a acuidade auditiva dos estudantes e providenciar exame se houver dúvidas ou se aparecer alguma dificuldade sugestiva;
8) Os cartões de vacinação dos alunos precisam estar em dia. Caso alguma vacina esteja em atraso, deve-se atualizá-la de forma urgente para prevenir casos de doenças de transmissão interpessoal, considerando o convívio em ambientes coletivos. O mesmo vale para problemas causados por parasitoses;
9) Diante do risco de doenças transmitidas por vetores, como dengue, zika e chikungunya, além da febre amarela, sugere-se atenção permanente ao sinais e sintomas demonstrados por alunos. As escolas devem estar preparadas para o combate aos mosquitos, com aplicação adequada de inseticidas e eliminação sistemática de depósitos de água parada, assim como para aplicação de repelente de insetos nos alunos, quando recomendado;
10) Estudantes que precisam receber medicação no horário escolar (especialmente aqueles com doenças crônicas) devem informar sua necessidade às escolas e novos professores, a fim de que tal necessidade seja contemplada sem prejuízos;
11) Em caso de dúvida, deve-se buscar a orientação junto a um pediatra, que pode agregar todas as demandas junto às famílias e atender as especificidades de todas as faixas etárias.
Assessoria de Imprensa da SBP